Vazamentos e ligações clandestinas na rede de água geraram prejuízo de R$ 64,1 milhões ao Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) em 2010, de acordo com estudo divulgado nesta terça-feira (19) pela Oscip Trata Brasil.
O levantamento usou dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades, cuja última atualização foi em 2010. Segundo o estudo, em Ribeirão Preto, as perdas atingem 45,4%, tanto em volume financeiro quanto na distribuição. Em 2010, a arrecadação do Daerp foi de R$ 141, 2 milhões.
O índice de perdas financeiras de Ribeirão está acima da média nacional, de 37,5%, segundo o Trata Brasil. De acordo com o estudo, uma redução de 10% nas perdas no Estado de São Paulo aumentaria a receita operacional de água em R$ 275,8 milhões, valor superior a todo o investimento realizado em abastecimento de água em Minas Gerais, em 2010.
O professor da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração) de Ribeirão Preto, Rudinei Toneto Junior, um dos autores do estudo do Trata Brasil, diz que a cidade não tem problemas relevantes quanto ao atendimento e cobertura da rede de água e esgoto, mas as perdas, se sanadas, poderiam ser revertidas em investimentos.
“É um dinheiro que está sendo, literalmente, jogado pelo ralo”, disse Toneto Junior. Para ele, o fim do problema passa por soluções simples, como investimento em válvulas de controle de pressão e alternância de pressão da rede entre períodos do dia. “A perda do faturamento com vazamentos e ligações clandestinas indica um problema de gestão”, afirmou o pesquisador.
A assessoria de imprensa do Daerp foi procurada para comentar a pesquisa, mas não retornou à solicitação da reportagem.
NOVO MANANCIAL
O estudo enquadra Ribeirão Preto na categoria de cidades que necessitam de um novo manancial para abastecer a cidade principalmente a partir de 2015, quando o Aqüífero Guarani começará a dar sinais de esgotamento, principalmente na área central. Há pelo menos quatro anos, o Daerp e o DAEE (Departamento de Água e Esgoto do Estado de São Paulo) discutem a captação da água do Rio Pardo, mas a discussão ainda não saiu do papel.