Uma jovem de apenas 21 anos levou a bebê à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José, sem qualquer documentação (Kamá Ribeiro)
Em meio a um turbilhão de confusão e suspeitas envolvendo uma bebê de 10 meses, a região do Campo Belo, em Campinas, é palco de uma história inacreditável que deixou profissionais de saúde, policiais civis e militares e conselheiros tutelares atônitos e perplexos. A trama digna de um romance policial envolve uma suposta "subtração de incapaz", envolta em mistérios e versões contraditórias que intrigam as autoridades e a comunidade.
Tudo começou anteontem, quando uma jovem de apenas 21 anos levou a bebê à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José, sem qualquer documentação. A febre da criança era apenas o início de uma série de eventos desconcertantes. Desconfiados da relação daquela mulher com a bebê, os funcionários acionaram a Polícia Militar, que logo se deparou com um cenário de confusão total.
Ao chegar ao local e posteriormente ao endereço da jovem, os policiais foram apresentados a duas versões diametralmente opostas. A mulher, junto com a bebê, foi levada ao plantão da 2ª Delegacia de Defesa da Mulher. Em um enredo que mais parecia ficção, o Conselho Tutelar foi chamado e a criança foi acolhida. No entanto, a trama se adensava: horas depois, surge na delegacia a mãe biológica da criança, trazendo outra narrativa ainda mais embaraçosa.
Conforme o boletim de ocorrência, a jovem contou à equipe médica da UPA que havia encontrado a bebê em uma lata de lixo uma semana antes, desenvolvendo um "amor" por ela que a impediu de contatar as autoridades. Mas a história não parava por aí: rumores diziam que a mulher havia informado a alguém que receberia uma criança e que, a partir de então, assumiria o papel de mãe.
As reviravoltas continuavam. A verdadeira mãe declarou, com voz entrecortada pelo desespero, que havia deixado sua filha sob os cuidados de uma babá no bairro Campo Belo. Ao retornar do trabalho tarde da noite, nem babá nem filha estavam presentes. Aflita, procurou o irmão, que a acalmou, sugerindo que a babá devolveria a criança no dia seguinte. Mas isso jamais aconteceu, levando a mãe a buscar ajuda na delegacia.
"O Conselho Tutelar foi acionado e nos dirigimos à UPA para providenciar o acolhimento institucional, devido à falta de referência familiar na ocasião", explicou Moisés Sesion, conselheiro tutelar, ressaltando a complexidade de se lidar com tal situação após o acolhimento.
A mãe, que já havia deixado seus outros três filhos com os avós para um fim de semana prolongado, declarou em um vídeo ao fotojornalista Barba Azul que a babá havia pedido para levar a criança até a casa de uma tia, prometendo retornar no mesmo dia. A angústia se instalou quando ela não encontrou a filha ao voltar à noite.
Entretanto, a polícia esclareceu que a bebê não apresentava sinais de maus-tratos e, após exames, foi encaminhada a um abrigo temporário. Tanto a mulher que estava com a bebê quanto a mãe foram ouvidas e liberadas. Agora, cabe à Polícia Civil desenredar essa história envolta em mistério e à Promotoria decidir o destino da inocente envolvida. Na teia de versões, cabe às autoridades encontrar o fio da verdade e garantir a segurança da pequena, em meio a uma rede de emoções e incertezas.