Tela de um dos computadores que eram usados pelos integrantes da quadrilha que enganava clientes da CEF (Captura de imagens)
A Polícia Civil de Atibaia desmantelou um esquema de golpes por MSN que usava o nome da Caixa Econômica Federal (CEF) para falar sobre compra indevida, induzindo o cliente a ligar a um 0800 falso. Quatro mulheres e dois homens foram presos. Um deles tinha a função de “gerente” do falso call center, que funcionava em um condomínio de alto padrão, no Jd. Flamboyant. O grupo é de Guarulhos, exceto o gerente, que é da capital. Segundo o delegado responsável pela investigação, Hermes Jun Nakashima, ainda não foi possível identificar vítimas e de onde são, mas ele acredita que as mensagens chegaram a milhares de clientes da Caixa, em diversas cidades brasileiras.
A quadrilha foi descoberta depois que moradores do condomínio suspeitaram da movimentação estranha em imóvel residencial no condomínio, alugada em dezembro. Com base na queixa, policiais do Setor de Investigações Gerais (SIG) passaram a investigar o caso e descobriram que o grupo havia montado uma central de atendimento na casa, onde seis “funcionários” se revezavam no trabalho.
Os bandidos usavam notebooks e programas que emitem sons parecidos com os de uma central de atendimento bancário para fisgar os clientes, geralmente da Caixa. Eles disparavam mensagens falsas para o celular do alvo, informando que a central tinha constatado uma compra via cartão de crédito em um estabelecimento comercial, questionando se a pessoa tinha conhecimento disso e que, caso não reconhecesse a compra, deveria fazer uma ligação para o número fornecido na mensagem.
De acordo com Nakashima, eles dispunham de diversas listas com contatos de telefone, endereços e informações pessoais de milhares de clientes da Caixa. Havia casos em que, na lista, constava até o valor que havia na conta. As relações, com cerca de 40 mil nomes, teriam sido compradas pelos criminosos. “São informações privilegiadas que, certamente, contaram com a participação de funcionários do banco. Eles adquiriam de cinco a seis listas por dia e enviavam mensagens para uns 30 mil nomes. Depois, aguardavam as ligações”, disse o delegado.
O golpe iniciava quando o cliente retornava para o número sugerido na mensagem. Um dos homens atendia e pedia dados do cliente, como documentos e senhas do banco. Simultaneamente, solicitavam que a vítima acessasse uma mensagem enviada em seu celular e, desse modo, bloqueavam e clonavam o aparelho para que a vítima não conseguisse mais acesso a ele.
“Eles faziam transferências PIX, compras, enfim, limpavam a conta do cliente, que nem percebia o golpe. Depois, devolviam o dispositivo à vítima. Eles agiam com muita velocidade”, contou Nakashima.
Com base na apuração, o delegado solicitou à Justiça um mandado de busca e apreensão no imóvel, o qual foi cumprido na última sexta-feira. Os suspeitos foram presos em flagrante por estelionato e associação criminosa.
O “gerente” tem passagem criminal por roubo. Eles confessaram que os funcionários recebiam 20% sobre o valor que conseguiam tirar da vítima e o gerente, 40%. O restante era repassado para a liderança do esquema criminoso. “As investigações seguem para identificar vítimas, valores e líderes. É uma apuração complexa, mas precisamos encontrar as vítimas que caíram no golpe”, disse o delegado.
Os suspeitos passaram por audiência de custódia e a prisão foi convertida em preventiva. “Os golpes, de forma geral, são comuns e há quadrilha por toda a parte. As pessoas precisam ter cautela quando recebem uma mensagem. É preciso checar. Ligue na agência e converse com o gerente antes de passar qualquer dado”, aconselhou o delegado. “Os golpes são aplicados devido à facilidade que os criminosos encontram de ludibriar as pessoas. Além disso, a pena prevista para o estelionato é baixa, o risco de ser preso, pequeno. Moralmente, eles não se sentem culpados, pois acham que é como uma brincadeira. Sem contar os ganhos vantajosos com isso”, complementa.
Outro lado
Em nota, a Caixa informou que atua conjuntamente com a Polícia Federal e demais órgãos de segurança pública na identificação e investigação de casos suspeitos e na prevenção e combate a fraudes e golpes. E ainda, que a instituição dispõe de estratégia, políticas e procedimentos de segurança para a proteção dos dados e operações e tecnologias e equipes especializadas atuando em seus processos e canais de atendimento. Ressaltou ainda que não envia SMS com link e só envia e-mails se o cliente autorizar.