(Divulgação Policia Civil)
Uma operação conduzida pela Polícia Civil de Fernandópolis abalou uma empresa de informática em Campinas, a 462 km de São Paulo, na manhã de ontem. O escritório, localizado no bairro Jardim Nova Europa e pertencente a dois empresários, é suspeito de integrar uma organização criminosa envolvida na venda de bancos de dados para fraudes e lavagem de dinheiro, conforme revelou o delegado responsável pela investigação, Everson Aparecido Contelli. A empresa campineira atuaria na "mineração" de dados, que são posteriormente repassados a criminosos por valores mais altos.
A operação, denominada "Tatu Canastra", cumpriu nove mandados de busca e apreensão não apenas em Campinas, mas também em Praia Grande, Bauru, Taubaté e nas cidades paranaenses de Londrina e Uraí. Sete pessoas foram identificadas no esquema, com líderes residindo em São Paulo, Baixada Santista e Londrina. "As investigações começaram há um ano, após a denúncia de vazamento de dados de servidores públicos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP)", explicou Contelli.
Embora a empresa de Campinas exista oficialmente, não opera no endereço registrado. As autoridades estão investigando sua localização real e buscando os proprietários.
Segundo Contelli, o grupo criminoso coleta dados pessoais e os envia para empresas especializadas em invadir bancos de dados financeiros, acrescentando informações sensíveis, como saldos de contas e status de aposentadoria. Quanto mais detalhes uma ficha contém, mais elevado é seu valor no mercado negro. "Essas empresas vasculham a internet para roubar informações de diversas pessoas. Os dados são usados em golpes bancários, nos quais criminosos se fazem passar por funcionários de bancos, convencendo as vítimas a mudar suas senhas", detalhou o delegado.
A organização teria em sua posse dados de cerca de 120 milhões de brasileiros. Entre as vítimas estão servidores públicos do Rio de Janeiro, totalizando cerca de 170 mil, além de informações de quatro operadoras de telefonia. O delegado Contelli acredita que aproximadamente 200 milhões de brasileiros tiveram seus dados comprometidos, praticamente a população inteira do país. As informações são vendidas no mercado paralelo para empresas de telemarketing, profissionais liberais, empresários e criminosos que as utilizam para lavagem de dinheiro, evasão de divisas e aprimoramento de golpes de engenharia social.
Nesta fase inicial, a operação limitou-se à busca e apreensão de documentos e dispositivos eletrônicos, sem prisões. "As investigações continuam", concluiu o delegado.
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