Trecho da Rua Maria Monteiro no bairro Cambuí, onde um morador em situação de rua foi assassinado (Rodrigo Zanotto)
Um homem de aproximadamente 50 anos foi assassinado com um tiro nas costas na madrugada de quinta-feira (29), a menos de 30 metros de uma loja que havia sido alvo de uma tentativa de furto algumas horas antes. Segundo as autoridades policiais, a vítima, que não portava documentos, aparentava ser um morador em situação de rua. O crime ocorreu na Rua Maria Monteiro, uma das vias mais tradicionais, movimentadas e conhecidas do bairro, e será objeto de investigação pela Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
De acordo com as informações preliminares obtidas pela polícia no local, momentos antes de ser alvejada, a vítima teria se envolvido em uma discussão com um indivíduo do lado oposto da rua. Em seguida, atravessou a via e foi atingida por um disparo nas costas que transfixou seu corpo, saindo pelo peito. O atirador, ainda efetuou outros três disparos que atingiram o tapume de uma obra em andamento de um edifício. Próximo ao corpo, os investigadores da Polícia Civil encontraram uma munição intacta e um estojo de arma calibre 9mm.
O assassinato ocorreu por volta das 5h30. Um operador de guindaste de 52 anos, que caminha até o trabalho a cerca de 200 metros do local, relatou ter ouvido dois disparos e foi alertado sobre o crime por um transeunte na Rua Maria Monteiro. "Faço esse trajeto diariamente, pois trabalho em uma empresa na Norte-Sul. Corri para o local e imediatamente acionei a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)", contou a testemunha, cuja identidade foi preservada.
A Polícia Técnica Científica e Civil estiveram no local para investigar o ocorrido. Durante as apurações, os policiais constataram que uma loja de marcenaria de alto padrão foi alvo de furto na madrugada. Parte das ripas de alumínio instaladas na fachada do estabelecimento para decoração foi arrancada, algumas delas encontradas na calçada. A suspeita é que a vítima tenha tentado furtar esses objetos. A confirmação dessa suspeita só poderá ocorrer com a análise das imagens das câmeras de segurança existentes em vários estabelecimentos, que foram requisitadas pela polícia.
A reportagem apurou no local que esta não foi a primeira vez que a loja foi alvo de criminosos. Trabalhadores de comércios na via afirmaram que os furtos praticados por moradores em situação de rua são frequentes. A própria polícia reconhece os constantes furtos e a prática deles por moradores em situação de rua dependentes químicos, que costumam furtar objetos como peças metálicas, ferro e fios de cobre para sustentar o vício.
"Em primeiro lugar, o Conseg (Conselho de Segurança local) lamenta o ocorrido, mas sabemos que os furtos são um problema que afeta toda a cidade, principalmente a região central. Os furtos na madrugada são um grande desafio e têm origem, especialmente, nas pessoas que são dependentes químicas", afirmou o porta-voz do Conseg Cambuí, Eduardo Cruz.
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) revelam que, em janeiro deste ano, a área de abrangência do 13º Distrito Policial (DP) registrou 87 casos de furtos, representando um aumento de 13% em relação a 2023, quando foram registradas 77 ocorrências. Ao longo do ano passado, a unidade policial registrou 973 boletins sobre furtos em geral. Abril foi o mês com o maior número de casos, totalizando 120 queixas, enquanto dezembro apresentou o menor número, com 61 ocorrências.
Em julho de 2022, uma ação ousada chamou a atenção quando três criminosos invadiram uma unidade desativada da pizzaria Ritorno, localizada ao lado da base da Polícia Militar, no Centro de Convivência. O alvo do furto foi uma adega refrigerada de vinhos. O gerente da pizzaria descobriu o crime e prontamente notificou a polícia, resultando na prisão em flagrante de um dos criminosos, que era morador em situação de rua.
Em nota, a Guarda Municipal (GM) assegurou que está intensificando o patrulhamento no bairro Cambuí e implementará operações para coibir práticas ilícitas, incluindo o tráfico de drogas e a receptação de materiais provenientes de furtos e roubos. A GM ressaltou que as operações podem ser conduzidas de maneira integrada com outras forças de segurança.
