(Rodrigo Zanotto)
Um crime cruel envolvendo um bebê de um ano e dez meses chocou moradores do Jardim Satélite Íris, na região da Vila União, em Campinas, anteontem. O menino teve a perna direita e o fêmur quebrados e escoriações ao ser agredido pelo padrasto, um desempregado de 22 anos, que confessou ter cometido a agressão por que a criança chorava muito e ele queria dormir. O ataque foi descoberto pela polícia depois que o menino passou por atendimento médico no Hospital PUC-Campinas e a equipe médica constatou as fraturas no exame de Raio-X. A Guarda Municipal (GM) foi acionada e juntamente com policiais civis do 11º Distrito Policial (DP) conseguiram prender o suspeito, que inicialmente negou as agressões.
A surra aconteceu quando a mãe da criança, uma jovem de 21 anos, estava em um centro de saúde em busca de agendamento de consulta com psicólogo para ela, que está com transtorno de ansiedade. Ela alegou que não sabia da surra e que só descobriu na delegacia. Segundo a família, a moça está em estado de choque. O suspeito, que já é pai de três crianças pequenas, era tido como responsável e carinhoso pela família da jovem. O desempregado foi preso em flagrante pelos crimes de tortura, lesão corporal, maus tratos e omissão de socorro e na tarde de ontem passou por audiência de custódia e teve o flagrante convertido para prisão preventiva.
De acordo com a tia-avó do bebê, a cabeleireira Fabiane Silva Alves dos Santos, de 46 anos, o menino enfrenta problemas de saúde desde que nasceu e já passou por cirurgia cardíaca. A mãe tem a guarda e é tida como zelosa e protetora.
Na manhã de anteontem, a jovem teria saído por volta das 7h20 para agendar uma consulta no centro de saúde e deixou o filho com o companheiro. Segundo Fabiane, a sobrinha enfrenta uma fase emocional delicada, já que perdeu o pai recentemente e também sofre com a enfermidade da mãe de criação.
Enquanto estava no postinho a jovem recebeu uma mensagem do companheiro. Sem desconfiar de nada, a mãe do bebê teria retornado à unidade médica e passado pela consulta e quando seguia para o Hospital da PUC-Campinas foi informada pelo pai da criança sobre a fratura. "Ela ficou em choque, pois não sabia de nada. Só percebeu que a perninha estava inchada. Então ela lembrou que o bebê chorava quando ficava sozinho com o padrasto. Até então nunca desconfiamos de nada, pois ele sempre foi carinhoso com o bebê", disse Fabiane.
Além de agredir o bebê, o padrasto também dopou o enteado com Paracetamol. De acordo com o delegado do 11º DP, Sandro Jonasson, o desempregado, que já tem passagem criminal por furto, alegou que "queria dormir e o choro do bebê não permitia". "A mãe soube da agressão por nós. O casal está junto faz um ano e ela confessou que já havia sido agredida pelo companheiro outras vezes, mas que nunca havia prestado queixa. Também disse que nunca desconfiou que ele também agredia o filho. Na minha opinião a mãe foi omissa, mas tudo será apurado e, em caso de confirmação, ela será responsabilizada", disse o delegado. O bebê segue internado em estado estável de saúde, segundo o Hospital da PUC-Campinas. Com a repercussão do caso no bairro e na região, a família teme pela segurança da mãe do bebê.
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