Família em luto descobre troca de corpo no velório (Rodrigo Zanotto)
Um funeral na tarde de terça-feira (27) em Campinas acabou virando caso de polícia. Uma família em luto descobriu que o corpo levado ao velório era de outra pessoa. O mal entendido foi resolvido apenas depois que a família contestou com a Serviços Técnicos Gerais (Setec), que então realizou a troca. Por conta do erro, a despedida dos parentes foi prejudicada, visto que o trâmite levou quase uma hora. O caso foi registrado no 1º Distrito Policial (DP) e vai ser apurado pelo 11º DP.
A situação inusitada aconteceu na tarde de anteontem, no Cemitério Parque das Flores, na região do Satélite Íris. O patriarca da família, Guilherme Manoel Teixeira, de 95 anos, morreu de morte natural, na noite da última segunda-feira, na casa da farmacêutica Vera Lúcia de Araújo, de 49 anos, com quem o idoso morava, no Jd. Icaraí.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e constatou o óbito. Foi então que a própria equipe acionou a Setec, que foi ao local e removeu o corpo. A família tem plano funerário da Bom Pastor e acionou a empresa para dar suporte ao enterro.
Como não há velório à noite, a família foi orientada a retornar na manhã do dia seguinte para fazer as tratativas do funeral.
Na manhã de anteontem, um dos filhos levou a documentação na Setec para liberação do corpo e pediu para reconhecer o corpo do idoso, mas foi informado que isso não era necessário. O atendente da autarquia ainda avisou que a liberação do corpo para o velório seria às 14h.
“Chegamos às 13h no cemitério. Por volta das 14h20, o corpo do meu pai chegou. Quando abriram o caixão, vimos que não era ele. Entramos em desespero. Meu pai é negro e, no caixão, havia um homem branco, bem mais jovem, de cerca de 70 anos. O corpo estava com a roupa do meu pai, no caixão do meu pai, com tudo dele. Quando comuniquei que não era o meu pai, o funcionário perguntou se eu tinha certeza disso. Entrei em desespero, porque pensei que já tinham enterrado o meu pai”, contou Vera Lúcia.
O enterro estava marcado para às 16h30, último horário de enterro no cemitério. Com o equívoco, a Setec teve que desfazer a troca e levou o verdadeiro corpo para o velório às 15h35. “Decidi denunciar, para evitar que isso (troca) aconteça novamente. Quero a punição de quem fez essa troca. É um momento de dor, a família tem sentimentos e precisa ser respeitada”, falou Vera Lúcia, que perdeu a mãe em 2012 e desde então cuidava do pai.
O atendente funerário da Bom Pastor, Eduardo de Souza, confirmou que a família tinha plano funerário, mas que cabe à Setec fazer a remoção e preparação do corpo. “Não temos acesso ao corpo. Somente mexemos com a documentação e repassamos as taxas para a Setec. A funerária oferece a estrutura no velório, como café, cestas de flores”, disse Souza.
Em nota, a Prefeitura informou que a Setec abrirá “sindicância para apurar o erro e adotar as medidas cabíveis”.
Não foi informado de quem era o corpo que foi levado erroneamente para o velório da família Araújo.