Diante disso, estratégia será intensificar as blitzes, especialmente contra motos
Agentes da Emdec realizaram testes de simulação de embriaguez ao volante como parte de uma campanha de conscientização sobre os perigos dos acidentes causados pela ingestão de bebidas alcoólicas (Rodrigo Zanotto)
A Prefeitura de Campinas e a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) intensificarão blitze educativas para conter o alto índice de acidentes envolvendo motocicletas na cidade. Os motociclistas têm sido as principais vítimas fatais de sinistros de trânsito nos últimos anos. Apesar das diversas campanhas informativas e operações de fiscalização, o índice permanece elevado, evidenciando a dificuldade dos órgãos públicos em conter os acidentes envolvendo motos. A administração admite a possibilidade de intensificar as operações de fiscalização, envolvendo a Emdec e a Guarda Municipal (GM), para punir motociclistas que desrespeitam as leis de trânsito.
Recentemente, uma operação conjunta dos dois órgãos focou em veículos com escapamentos irregulares, que contribuem para a poluição sonora na metrópole. O atual foco das autoridades, no entanto, é combater o excesso de velocidade, principal causa de mortes, conforme as estatísticas de sinistralidade da Emdec.
Dados divulgados ontem pela Emdec, referentes ao primeiro quadrimestre do ano, indicam uma redução de 17% nos óbitos de motociclistas em comparação ao mesmo período do ano anterior. Mesmo assim, esse modal de transporte ainda representa 43% do total de óbitos. Nos quatro primeiros meses do ano, 23 pessoas perderam a vida, sendo 10 delas motociclistas ou garupas. No ano anterior, foram 12 motociclistas e garupas mortos, de um total de 25 vítimas fatais no período.
Encerrado o 'Maio Amarelo', mês dedicado à conscientização sobre os riscos do trânsito, a Prefeitura iniciou a 3ª edição da Campanha Desacelera, que visa conscientizar sobre os riscos da alta velocidade, principal causa de mortes nas ruas de Campinas - 21% do total. Os demais registros de acidentes resultam de ingestão de bebida alcoólica (14%); problemas de infraestrutura viária (14%); trânsito na contramão (7%); conversões sem dar preferência (7%); distância inadequada entre veículos (7%); uso de drogas (7%); condução sem habilitação (7%) e outras causas evitáveis (7%).
Durante o lançamento da campanha, realizado ontem, a Emdec distribuiu antenas cortapipa e promoveu simulações de situações reais de trânsito, como pilotar embriagado ou em ponto cego. Adicionalmente, motociclistas que passavam pelo local puderam aferir a pressão arterial e receberam um botão da ação com o slogan da campanha: "Não ultrapasse o limite da vida".
Questionado pelo Correio Popular, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) reconheceu a dificuldade de reduzir os índices de óbitos, especialmente devido a questões comportamentais. "Nós colocamos radares, reduzimos a velocidade das vias, realizamos as campanhas, mas os jovens, que são a maioria das vítimas de (acidentes) de moto, persistem na impunidade, que é para eles um ato de adrenalina, de rebeldia. Mesmo com as ações educativas, é muito difícil colocar na cabeça deles que é um perigo, eles consideram como uma aventura. Então, persistindo esse problema teremos que intensificar as blitze de fiscalização nos próximos meses, para tentar conter através da punição", disse Dário.
Durante o evento, destacouse que muitos acidentes ocorrem devido à imprudência dos condutores. Reportagem do Correio Popular flagrou ontem diversos motociclistas avançando semáforos, realizando conversões irregulares, inclusive sobre calçadas, e excedendo os limites de velocidade nas ruas do centro. "Infelizmente, hoje 60% das ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros são relativas a acidentes de trânsito. É muito mais provável que alguém se lesione ou até mesmo morra em um acidente de trânsito do que em um incêndio, que é nossa atividade principal. E boa parte dessas vítimas são motociclistas jovens, por motivos evitáveis", relatou o tenente-coronel Cleber Moura de Oliveira, comandante do 7º grupamento de bombeiros.
OUTROS DADOS
Os dados relativos ao 1º quadrimestre revelam que cinco vítimas fatais no trânsito eram pedestres, duas ciclistas e seis ocupantes de outros veículos, além dos dez motociclistas ou garupas.
Entre os destaques negativos, houve um aumento de 33% nos óbitos em comparação com o primeiro quadrimestre do ano passado. Adicionalmente, houve um aumento de 20% nos óbitos de ocupantes de outros veículos, incluindo carros, caminhões e ônibus. Foram seis casos neste ano, contra quatro no ano passado.
"Quando uma família perde um ente vítima de acidente de trânsito, é um trauma terrível. Me lembro que, enquanto médico, diversas vezes tive que noticiar o falecimento de pessoas jovens, saudáveis, que perderam a vida. Levam-semeses para superar, é uma morte inesperada. Portanto, é necessário bater muito nessa tecla, fazer o que for possível para que as ações se transformem em redução", destacou Dário.
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