Só em Campinas, entre o dia 10 e 14, três veículos do modelo foram levados do Distrito de Sousas
Entre os dias 10 e 14 deste mês, três caminhonetes desse modelo foram roubadas na região do distrito de Sousas (Divulgação)
Em média, cinco caminhonetes Toyota Hilux são levadas diariamente por criminosos em Campinas e região, segundo o consultor em Segurança Ricardo Lopes. Apenas no município de Campinas, quarta-feira (19), até as 17h, três veículos desse modelo foram furtados. De acordo com Lopes, 90% dos crimes contra esse modelo de caminhonetes são furtos. Por conta desse alto índice, o seguro da Hilux disparou e, atualmente, as seguradoras pensam duas vezes na hora de oferecer o serviço. A Mitsubishi Motors L200 Triton Sport é o segundo modelo mais visado pela bandidagem.
O interesse dos bandidos por esse tipo de caminhonete, segundo a polícia e seguradoras, aumentou consideravelmente nos últimos seis meses. São dois os principais motivos: o fácil acesso ao mercado paralelo para a venda de peças e a descoberta, pelos criminosos, de uma brecha no módulo de partida para desbloquear o sistema de segurança e ligar a caminhonete sem o uso de chave.
Com essa manobra, os ladrões levam de um até cinco minutos para furtar o carro. “O criminoso acessa a parte do passageiro sem destruir a porta, remove o módulo original e instala o que ele leva. Depois, desbloqueia o sistema de partida, faz o carro funcionar e o leva para um local onde o deixa ‘esfriar’. Eles também trocam as placas para passar pelos radares inteligentes e levar a caminhonete até o seu destino, que pode ser um desmanche ou não”, comentou Lopes.
Na última segunda-feira, duas Hilux SWSRXA4FD, avaliadas em mais de R$ 250 mil cada, foram furtadas em Jundiaí. Os autores do crime eram de Campinas e foram detidos pela Guarda Municipal quando voltavam em um Sandero pela Rodovia Anhanguera. Os bandidos foram descobertos ao serem flagrados pelo sistema de monitoramento de Jundiaí. Com eles estava um jammer – bloqueador de sinal, que foi apreendido. As caminhonetes recuperadas estavam naquela cidade de “quarentena”.
Entre os dias 10 e 14 deste mês, três caminhonetes da mesma marca foram roubadas na região do distrito de Sousas em Campinas. Em um dos casos, o veículo estava no estacionamento de um condomínio de escritórios. No outro, no estacionamento de uma loja de conveniência. Já o terceiro, no estacionamento de uma lanchonete. Em todos os casos, os proprietários foram atacados por bandidos que agiram sozinhos e com arma de fogo, exigindo apenas o veículo. “O modus operandi dos criminosos é parecido. Eles ficam de olho no trânsito, em semáforos. Quando encontram o modelo que querem, seguem-no, até conseguirem levá-lo. Na região, Paulínia é uma das cidades que mais registra furtos desse tipo de veículo”, informou Lopes.
“Estamos investigando esses roubos na região de Sousas e sabemos que essas quadrilhas não são estáticas. Elas vão onde está o produto que elas querem. Se preciso, vão a cidades vizinhas. São caminhonetes a diesel, com motor e peças caras. Há modelos que estão fora de linha e, se existe mercado consumidor, existe o crime”, garantiu o delegado do 12º Distrito Policial (DP), em Sousas, José Roberto Rocha. Quando os veículos não vão para desmanches, são levados para fora do país ou a outros estados.
Seguro
Por conta do alto índice de furto e roubo, o preço do seguro para esse modelo de caminhonete chega a ser 50% mais caro em comparação com outros. De acordo com Lopes, o valor do seguro fica entre 10% a 13% do valor do carro na tabela da Fipe. “Outro dia, simulei o seguro como se fosse para mim. Tenho 41 anos e o valor foi de R$ 25.469,80. É muito alto. Por causa do valor do seguro e dos furtos/roubos, muitos proprietários estão desanimando e vendendo as caminhonetes”, comentou o consultor.
O alto valor para segurar o modelo é confirmado pelo corretor de veículos, Cléber Almeida. Segundo ele, proprietários de alguns modelos de caminhonetes enfrentam dificuldades em achar seguradores que aceitem fazer o seguro para eles. “Se o carro for mais antigo não estão aceitando. Os mais novos, as seguradoras estão só apreciando. Se o cliente tem restrição financeira, vai diminuindo o funil. O sarrafo de aprovação está muito alto e o preço também”, comentou Almeida.