Campinas atrai negócios ilegais devido à logística (Ricardo Lima)
Campinas é a capital do interior paulista e, por fazer conexão com São Paulo, por meio de sua excelente infraestrutura como aeroportos, estradas e ferrovias, atrai a atenção das organizações criminosas, que buscam mão de obra qualificada e proximidade com o eixo principal.
“O crime organizado precisa, na maioria dos casos, de estrutura e, ao mesmo tempo, de precariedade. A característica das organizações ilícitas são as diferentes tarefas que cada um tem dentro da hierarquia. O grupo conta com o 'empresário' do crime, mas também tem que ter a mão de obra, o 'chão da fábrica'. Na região de Campinas esse binômio é perfeito”, enfatizou o delegado da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic), Oswaldo Diez Júnior.
A região de Campinas não apenas é sede das lideranças das organizações como também “casa” e “escola” para criminosos, uma vez que conta com vários presídios. “Campinas sempre foi um polo atrativo do interior e as facções se expandiram muito nesta região. Exemplo dessa expansão é a formação do ‘novo cangaço’, em que boa parte dos integrantes é da região de Campinas. Como em São Paulo a vigilância é acirrada, no interior, os criminosos ficam fora do foco da polícia”, acredita o procurador.
Rota caipira
A região de Campinas é considerada a "rota caipira" do crime no interior paulista. Isso porque os produtos ilícitos que saem do Paraguai, passam por aqui e também vêm para cá. As principais mazelas no ilícito, segundo Piquet, são o varejo do crack e da cocaína; a falsificação de produtos (aqui cabe defensivos, roupas, eletrônicos, cigarros – produtos contrabandeados); roubo de carga; roubo a caixas eletrônicos e mais recente roubo e furto de fios de cobre. “Na ‘rota caipira’, as empresas estão no Paraguai e o trabalho é terceirizado. O produto ilícito precisa ser transportado, seja de avião, barco ou caminhão. Por isso, a terceirização vai do transporte até a falsificação de documentos. Quem é selecionado para trabalhar ‘nessas empresas’ sabe que alguém o contratou, mas não sabe quem...”, enfatizou Piquet.