ROTA DO CRIME

Campinas atrai migração de bandidos de fora, diz Polícia

Quadrilhas forasteiras buscam se distanciar de suas bases de origem em busca de impunidade

Alenita Ramirez/alenita.ramirez@rac.com.br
26/05/2024 às 14:21.
Atualizado em 31/05/2024 às 11:18
Na semana passada, uma jovem de 18 anos e umrapaz de 23 anos partiram de Curitiba com o propósito de se encontrar com um cúmplice na capital paulista e perpetrar furtos em
Campinas; entretanto, foram interceptados pela GM quando retornavam para São Paulo, portando aproximadamente R$ 50 mil em produtos furtados de quatro supermercados (Divulgação)

Na semana passada, uma jovem de 18 anos e umrapaz de 23 anos partiram de Curitiba com o propósito de se encontrar com um cúmplice na capital paulista e perpetrar furtos em Campinas; entretanto, foram interceptados pela GM quando retornavam para São Paulo, portando aproximadamente R$ 50 mil em produtos furtados de quatro supermercados (Divulgação)

Campinas e região permanecem como alvos recorrentes de criminosos provenientes de outras cidades do estado e até mesmo de diferentes estados brasileiros. Recentemente, as guardas municipais de Campinas e Indaiatuba realizaram prisões de grupos criminosos que se deslocaram de outras localidades com o objetivo de furtar produtos variados, desde itens de higiene pessoal e bebidas até roupas íntimas, visando comercializálos em seus locais de origem. A Polícia Federal também desarticulou uma quadrilha da Grande São Paulo que atuava nas estradas da região, especializando-se em roubos de cargas de caminhões. Segundo as autoridades policiais, essa migração criminosa é motivada principalmente pela busca de impunidade, uma vez que os criminosos acreditam que ao atuarem em áreas distantes de sua base original, estarão menos sujeitos a serem descobertos ou identificados pelas autoridades.

Algumas dessas quadrilhas chegam a percorrer longas distâncias, chegando a realizar viagens de até sete horas para cometer delitos. Na semana passada, por exemplo, uma jovem de 18 anos e um rapaz de 23 anos partiram de Curitiba, no Paraná, com o propósito de se encontrar com um cúmplice na capital paulista e perpetrar furtos em Campinas. Entretanto, foram interceptados pela Guarda Municipal quando retornavam para São Paulo, portando aproximadamente R$ 50 mil em produtos furtados de quatro supermercados da região. Ambas as mulheres já possuíam antecedentes criminais pelo mesmo delito.

No mês passado, em Indaiatuba, três mulheres e um homem oriundos do Rio de Janeiro foram detidos em flagrante após furtarem 660 peças de roupas, principalmente íntimas, avaliadas em R$ 36 mil, de lojas situadas no Polo Shopping. Os suspeitos foram surpreendidos pelos seguranças do estabelecimento, que notaram o comportamento suspeito das mulheres carregando sacolas cheias, e acionaram a Guarda Municipal. O homem afirmou ter sido contratado pelas mulheres para levá-las até a cidade.

O delegado-chefe da PF em Campinas, Edson Geraldo de Souza, explicou: "Já tivemos casos de criminosos que vieram de São Paulo para roubar relógios. Qual é a motivação? Como são desconhecidos na área e não têm conexões, buscam a impunidade devido à falta de familiaridade das autoridades policiais com eles."

Essa migração criminosa ocorre também em resposta à pressão geográfica e à repressão por parte das forças de segurança. A pressão geográfica é desencadeada quando a polícia intensifica suas operações em uma determinada região para combater um tipo específico de crime. A presença policial constante enfraquece a capacidade de execução do crime naquela área, levando os criminosos a buscar novos territórios para evitar a detecção e minimizar os riscos de serem pegos em flagrante.

"Há também outro fator dentro dessa migração geográfica: a possibilidade de que outros grupos, ao perceberem essa ausência de vigilância, ocupem o espaço deixado vago", observou Souza.

A migração material ocorre quando um tipo de crime é efetivamente reprimido e os criminosos, em busca de lucro, procuram outras modalidades criminosas para preencher essa lacuna. Um exemplo disso foi a transição dos roubos a bancos, que eram comuns no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, para os furtos mediante explosão de caixas eletrônicos, uma prática que se tornou prevalente até cerca de 2015, após investimentos das instituições financeiras em medidas de segurança mais eficazes.

A dinâmica dos criminosos sofreu alterações significativas devido aos novos investimentos realizados por instituições, que passaram a adotar um sistema no qual, no momento do rompimento do cofre, uma tinta é liberada, manchando as notas e tornando-as inutilizáveis pelos bandidos.

Nos últimos anos, as organizações criminosas direcionaram seus ataques para carros-fortes. Apenas no ano passado, foram registrados quatro desses ataques em rodovias que cortam a região, seguidos por mais três neste ano, todos realizados de maneira ousada, em plena luz do dia e com tráfego intenso nas pistas. Segundo o delegado-chefe da Polícia Federal, em meio a uma "onda" de crimes, as forças policiais aprimoram suas técnicas e identificam os modus operandi, o que leva os criminosos a revolucionar suas abordagens. "As forças de segurança devem lidar com ambos os aspectos da repressão para tornar o crime uma opção desvantajosa", ressaltou Souza.

MURALHA

Em julho do ano passado, a Polícia Civil de Campinas desmantelou uma quadrilha proveniente da Região Metropolitana de Curitiba, no estado do Paraná, especializada em furtos a joalherias localizadas em edifícios altos. O grupo atuava nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, utilizando escadas para escaladas e rapel para descer dos locais-alvo.

Em um dos ataques a joalherias no bairro Cambuí, os criminosos abortaram outra investida ao notar a presença policial na área. Durante a fuga, deixaram uma cadeirinha de rapel em um terreno baldio. Ao descobrir a invasão ao prédio e analisar imagens das câmeras de segurança, a Guarda Municipal e os policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) iniciaram buscas nas proximidades e encontraram a cadeirinha. Além disso, por meio do sistema de monitoramento, a GM identificou o veículo usado pelos criminosos.

Apesar de estarem escondidos em Sumaré, o grupo acreditava que não seria descoberto e retornou a Campinas dois dias depois, onde foram detidos.

Em todos os casos descobertos neste ano pela GM, a identificação dos criminosos foi possível graças aos alertas dos seguranças dos estabelecimentos, que forneceram informações às guardas, permitindo o cadastramento dos veículos no sistema e sua localização nas cidades. Além disso, os criminosos são identificados por meio do cruzamento de informações entre as forças de segurança.

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