VIOLÊNCIA URBANA

Briga entre moradores de rua termina em morte no Centro

Homem de 56 anos morreu com uma faca cravada nas costas e golpes de uma barra de ferro

Alenita Ramirez/Alenita.ramirez@rac.com.br
14/06/2024 às 20:40.
Atualizado em 14/06/2024 às 20:40
Policiais cercam a cena do crime onde um morador de rua foi assassinado no Centro de Campinas (Rodrigo Zanotto)

Policiais cercam a cena do crime onde um morador de rua foi assassinado no Centro de Campinas (Rodrigo Zanotto)

Uma briga entre moradores em situação de rua no Largo do Rosário, no Centro de Campinas, resultou em morte no final da madrugada de ontem. Um homem de 56 anos foi assassinado com golpes de faca e de um pedaço de ferro; a faca ficou cravada nas costas da vítima. A Polícia Civil, que investigou a cena do crime, informou que a vítima estava acompanhada por três pessoas que fugiram, mas ainda não se sabe a motivação da discussão. Segundo apurado pela reportagem, o crime pode ter sido motivado pelo fato de a vítima estar alcoolizada e incomodar os outros ao tentar fazer necessidades fisiológicas no local. O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). 

No mês passado, um cozinheiro de 31 anos, morador de um prédio na mesma praça, foi atacado por um estuprador supostamente em situação de rua. Esse crime também ocorreu na madrugada.

A briga de ontem teria acontecido por volta das 5h40, nas proximidades de duas bancas localizadas à direita da praça, para quem caminha no sentido da Rua Conceição. Elias de Carvalho da Silva, conhecido como Japa, chegou a correr do agressor, mas foi perseguido e morto. Silva estava com a calça abaixada até o quadril. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, a vítima tinha família em Paulínia, estava em Campinas há oito meses e era registrada nos serviços Pop Rua de Campinas. Ele havia emitido um novo RG recentemente, após ser detido na região central da cidade e se apresentar à Polícia Civil por estar desaparecido. 

Testemunhas relataram que Silva costumava dormir na Praça Felipe Selhi, conhecida como Quebra Osso. Elas deixaram o local com a chegada da polícia e informaram que o agressor seria um homem conhecido como Lemão, descrito como encrenqueiro, que costuma perambular pelas ruas com uma mala onde carrega a faca, e um cachorro. O agressor usa um espaço nas proximidades da Catedral Metropolitana para dormir e já teria agredido outras pessoas em situação de rua. 

"Moro há dez anos nas ruas, aqui em Campinas, e já vi de tudo. Não é fácil e a gente tem que ser esperto para não ser morto. O Japa gostava de mexer com as mulheres quando bebia demais ou enchia o 'saco' das pessoas. Não sei o que aconteceu aqui, mas eu conhecia ele", disse um morador em situação de rua, cujo nome foi preservado.

O crime comoveu e assustou moradores de prédios próximos e comerciantes. "Há muitos andarilhos por aqui, que brigam entre eles, mas nunca chegaram a esse ponto, de matar um ao outro. Dá dó. São pessoas viciadas e que precisam de ajuda", comentou Rita de Cássia, dona de casa que mora no 11º andar de um prédio em frente. 

Os moradores em situação de rua relataram o grande movimento de andarilhos na região central e as brigas entre eles. "É uma questão de sobrevivência. Mas as brigas aumentaram com a chegada de pessoas de São Paulo. Eles são briguentos e violentos", disse outro morador em situação de rua.

No final do mês passado, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social de Campinas divulgou uma nova contagem da população em situação de rua na cidade em 2024. O levantamento, realizado em parceria com a Fundação Feac em abril, apontou a existência de 1.300 pessoas em situação de rua, com mais 257 em situação de acolhimento. O número é 44% menor do que o divulgado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que em julho do ano passado estimou 2.324 pessoas em situação de rua na cidade. 

Em nota, a Guarda Municipal (GM) informou que mantém patrulhamento na região central com viaturas motorizadas e a pé durante o dia e a noite. A corporação realiza operações regulares para reprimir atividades ilícitas, como tráfico de drogas e receptação de materiais furtados. "O Centro conta também com câmeras de monitoramento. As imagens já estão auxiliando a Polícia Civil nas investigações, junto com o setor de inteligência da GM", destacou.

De janeiro a 31 de maio deste ano, a GM atendeu 6.791 ocorrências no centro e efetuou 150 prisões. Além disso, foram realizadas 1.183 operações, sendo 967 de patrulhamento preventivo. "A população também pode acionar o telefone 153, disponível 24 horas, para fazer denúncias sobre crimes", concluiu a nota.

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