SEGURANÇA

Bar de Barão é investigado por falsa comunicação de crime

Ocorrido veio à tona após dono alegar que vídeos de furto e vandalismo eram ‘jogada de marketing’

Alenita Ramirez/alenita.ramirez@rac.com.br
28/11/2024 às 11:53.
Atualizado em 28/11/2024 às 14:22
Uma das imagens captura um dos indivíduos delineando um círculo com o que aparenta ser combustível e, em seguida, ateando fogo ao local (Imagens Circuito Interno)

Uma das imagens captura um dos indivíduos delineando um círculo com o que aparenta ser combustível e, em seguida, ateando fogo ao local (Imagens Circuito Interno)

A Polícia Civil investiga uma possível falsa comunicação de crime por parte do proprietário de um bar no bairro Cidade Universitária, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. O dono do estabelecimento afirmou às autoridades que os vídeos publicados em seu perfil no Instagram, que denunciavam uma suposta invasão, furto e vandalismo, eram, na verdade, uma "jogada de marketing" para aumentar o engajamento nas redes sociais. O caso, que inicialmente gerou comoção e solidariedade entre clientes e seguidores, agora é alvo de investigação policial e suscita um debate sobre os limites éticos do marketing digital.

A polêmica começou quando o bar publicou em suas redes sociais uma série de cinco vídeos mostrando diferentes ângulos e momentos de uma suposta invasão ao local. Nas imagens, captadas por câmeras de segurança, é possível ver um grupo de aproximadamente cinco pessoas, todas vestindo blusas de moletom com capuz, realizando atos de vandalismo e um aparente furto no estabelecimento. 

O primeiro vídeo, registrado por volta da meia-noite, mostra o grupo entrando no salão externo do bar. Um dos indivíduos é visto fazendo um círculo com o que parece ser combustível e, em seguida, ateando fogo. Em um gesto desafiador, um dos supostos invasores chega a fazer um sinal obsceno em direção a uma das câmeras.

Nas imagens subsequentes, registradas às 3h20, o grupo é flagrado pichando duas paredes laterais com mensagens enigmáticas: "Eu avisei que ia ser do nosso jeito", "lugar de passado é no (nome do bar)" e "Nova era chegando", além de alguns desenhos indecifráveis. O ápice da ação ocorre às 3h21, quando os indivíduos invadem a parte interna do estabelecimento, revirando a área do caixa e cobrindo uma das câmeras.

A publicação desses vídeos nas redes sociais do bar foi acompanhada de um comunicado da direção, informando que um grupo de cinco pessoas havia invadido e vandalizado o estabelecimento, sem revelar a motivação. O texto ainda prometia atualizações futuras, mencionando que as imagens das câmeras de segurança seriam avaliadas.

A repercussão foi imediata. Clientes, seguidores e moradores da região compartilharam massivamente os vídeos, expressando indignação e oferecendo solidariedade ao proprietário do bar. A comunidade local ficou em alerta, temendo uma onda de crimes na região.

No entanto, a situação tomou um rumo inesperado quando a Polícia Civil entrou em cena. Investigadores do 7º Distrito Policial (DP) tomaram conhecimento dos vídeos através da imprensa na manhã seguinte ao incidente. Prontamente, uma equipe foi enviada ao local, mesmo sabendo que o estabelecimento só abriria à noite.

Inicialmente, um boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Civil por dano qualificado. Contudo, os agentes de segurança pública conseguiram identificar e entrar em contato com o proprietário do bar ainda pela manhã. Foi nesse momento que a história ganhou uma reviravolta surpreendente. Ao ser questionado pelos policiais, o dono do estabelecimento afirmou que toda a ação se tratava de "uma jogada de marketing" para divulgação do bar nas redes sociais. Essa declaração, no entanto, não convenceu a delegada Isabella Vita, responsável pelo caso.

Diante da gravidade da situação e das inconsistências no relato do empresário, a delegada o intimou a comparecer à delegacia no início da noite de ontem para prestar esclarecimentos. Após ouvir o empresário, a autoridade policial não quis adiantar detalhes do depoimento do investigado, limitando-se a declarar que irá analisar os fatos e eventualmente poderá ser instaurado inquérito policial.

A atitude do proprietário levantou uma série de questões éticas e legais e, se confirmada a farsa, ele pode enfrentar acusações de comunicação falsa de crime, prevista no artigo 340 do Código Penal. O caso serve como um alerta sobre os perigos de estratégias de marketing que ultrapassam limites éticos e legais. Enquanto as investigações prosseguem, o incidente já deixa uma lição clara: a busca por visibilidade e engajamento nas redes sociais não pode justificar ações que coloquem em risco a segurança pública ou abusem da confiança da comunidade. A Polícia Civil continua investigando o caso, e novas atualizações são esperadas nos próximos dias.

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