FRIEZA E OUSADIA

Assaltantes fazem a ‘festa’ em um condomínio de luxo em Campinas

Quadrilha invadiu várias casas e os bandidos foram descritos pelas vítimas como ‘muito profissionais’

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
09/08/2022 às 09:19.
Atualizado em 09/08/2022 às 09:19
Entrada do condomínio de alto padrão que foi invadido por uma quadrilha de assaltantes no final de semana (Reprodução)

Entrada do condomínio de alto padrão que foi invadido por uma quadrilha de assaltantes no final de semana (Reprodução)

Estavam com luvas, capuz, tranquilos, cuidadosos e bons avaliadores de joias. Essa foi a descrição feita pelas vítimas de um assalto sobre os integrantes de uma quadrilha que invadiu, no final de semana, um condomínio de luxo, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, e assaltou várias residências. 

De acordo com elas, os criminosos demonstraram ser muito profissionais e, a todo tempo, acalmavam os reféns, dizendo que nada aconteceria, pois queriam apenas joias e dinheiro. 

A invasão ao condomínio aconteceu por volta das 2h30 da madrugada do sábado. Inicialmente, três bandidos - um deles armado -, invadiram a casa de um empresário de 63 anos, depois de cortarem a cerca elétrica do muro do condomínio. A vítima estava dormindo. 

Os bandidos entraram no imóvel pela janela de um dos banheiros que fica no andar superior do imóvel. O casal foi acordado com os latidos da cachorra viralata, que dorme no mesmo quarto do casal. 

Eles, então, foram obrigados a ficar deitados de bruços, vigiados por um dos bandidos, enquanto os comparsas reviravam o imóvel em busca de joias, dinheiro e objetos de valor. “Minha esposa tem joias e bijuterias. Mas eles olhavam as peças e sabiam exatamente quais eram valiosas ou não”, contou uma vítima. 

Em uma das casas, os criminosos ficaram com os moradores por 1h30. Eles foram deixados amarrados. “Os bandidos não foram agressivos. Conversavam entre si e eram cuidadosos para não deixar qualquer evidência”, lembrou a vítima.

A suspeita é a de que o grupo era composto por ao menos quatro integrantes, uma vez que eles se comunicavam por telefone. 

Em uma das casas vizinhas, os bandidos não conseguiram entrar, porque o cachorro da família, que fica no quintal, passou a latir. 

Em outro imóvel, o morador passou mal durante a ação, mas ainda assim, os criminosos seguiram com o roubo e levaram joias e dinheiro do imóvel. “Eles só fugiram porque os moradores de uma das casas vizinhas ouviram barulhos e acenderam as luzes”, contou uma vítima.

Os suspeitos fugiram com o carro de uma das vítimas, que foi localizado na noite do mesmo dia no pátio de uma empresa de entrega na região do bairro San Martin.

O crime será investigado no 7º DP, em Barão Geraldo.

Cerca elétrica 

Em junho, ao menos quatro bandidos abriram um buraco no muro de um condomínio de luxo em Paulínia e invadiram pelo menos duas casas. Dois dias depois, a PM prendeu um suspeito com um relógio de uma das vítimas.

A ousadia dos assaltantes foi tamanha que o carro da vítima foi deixado em um barracão, monitorado por diversas câmaras de segurança. O veículo foi deixado sem combustível. A suspeita é a de que os bandidos rodaram a cidade, até abandonar o automóvel.

Outro item que também despertou a atenção dos moradores foi o fato de os criminosos terem cortado a cerca elétrica para invadir o condomínio. “É muito comum esse tipo de coisa acontecer (cortar a cerca). A cerca deveria estar desligada ou o aparelho, estragado ou o equipamento fraco. A pessoa que invadiu o local tinha muito conhecimento sobre o funcionamento da cerca.” 

Tem produtos no mercado de baixa qualidade e isso favorece o corte delas, sem problemas”, explicou o empresário José Augusto Asbahr, que tem empresa de instalação de cercas elétricas. “A cerca elétrica é um dos itens de segurança, mas tem que ser de boa qualidade e também estar acompanhada de outros itens, como sensores, pontas cortante ou concertina, para inibir as ações”, acrescentou. 

Para o analista criminal e especialista em Segurança Pública, Adalberto Santos, as invasões em condomínios estão cada vez mais comuns e ocorrem por duas razões: a fuga de informação privilegiada e falhas no sistema de segurança, em especial na cerca elétrica. “O crime é dinâmico e evolui muito. A proteção de um condomínio ou individual é estática e não acompanha as mudanças. Temos que ser dinâmicos e ver que ela tem de ser um conjunto de ações para mudar e mitigar as ações criminosas”, disse Santos. 

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