O presidente da Academia, Jorge Alves de Lima (de camisa branca), afirmou que esta não é a primeira vez que o prédio é atacado por criminosos (Gustavo Tilio)
A Academia Campinense de Letras (ACL), na região central de Campinas, foi alvo de um criminoso na manhã de quinta-feira (19). Um bandido armado com uma faca, invadiu o local, simulou estar faminto e quando a funcionária que estava no local foi entregar um lanche, ele anunciou o assalto, exigindo dinheiro, e a ameaçou de morte. O suspeito fugiu com um notebook e uma impressora da academia, além do celular da funcionária. A vítima, de 45 anos, ficou em estado de choque e precisou de atendimento médico. Segundo comerciantes e moradores do entorno, a região onde fica a ACL vive sob constante ação de bandidos que furtam e roubam diariamente. A Guarda Municipal (GM) informou que reforçou o patrulhamento naquela área.
O roubo aconteceu por volta das 9h, pouco depois que a funcionária chegou para trabalhar. Ela é responsável pela organização e administração do lugar. O acesso ao prédio é pelos fundos, na Rua Visconde do Rio Branco, onde fica o portão do estacionamento. A porta de entrada da academia estava aberta.
Por conta do estado emocional da mulher, a reportagem não conseguiu conversar com ela, mas o policial militar que atendeu a ocorrência, o soldado Deivid Silva, relatou que o bandido entrou no saguão e pediu comida. A vítima pegou um lanche e quando o entregou ao suspeito, ele sacou a faca e a rendeu. “Ela foi levada para uma sala e ele exigiu dinheiro. Como ela não tinha, ele a ameaçou”, contou o policial.
Depois de pegar os objetos, o ladrão deixou a funcionária trancada na sala e fugiu. Pedestres que passavam na lateral da ACL, na Rua Marechal Deodoro, ouviram pedidos de socorro e alertaram uma moradora de uma casa nas proximidades, que acionou o 190. “Tenho um pequeno comércio de lanches e conheço a funcionária há anos. Sempre a ajudo aqui na academia. Ela gritava pelo meu nome, mas não ouvi, porque estava dentro de casa. Umas pessoas ouviram o nome que ela chamava e passaram a perguntar na rua até me localizarem contando que uma mulher me chamando na academia. Corri lá e vi que ela estava trancada”, contou a comerciante que não quis ser identificada.
Segundo ela, é comum os crimes naquela região e que foi alvo de criminosos diversas vezes. “Essa região está muito perigosa. Como preciso trabalhar para pagar os remédios que uso, não posso fechar as portas”, desabafou a mulher, que tem 78 anos.
O presidente da ACL, Jorge Alves de Lima, que reassumiu a direção de quinta-feira, afirmou que esta não é a primeira vez que o prédio é atacado por criminosos. Segundo ele, constantemente ocorrem invasões com furtos de objetos, mas, desta vez, a situação fugiu de controle.
“Esse prédio é patrimônio da Prefeitura e é obrigação do prefeito zelar por ele. Vou marcar uma audiência com o Dário para pedir segurança para este local. Pela lei, a função da Guarda Municipal (GM) é a de preservar e proteger os bens públicos, então, ela tem que garantir a segurança da academia. Antes eram furtos, hoje (quinta-feira) foi uma faca no pescoço de uma funcionária. Será que vão esperar que alguém coloque uma bomba aqui?”, desabafou Lima, que prometeu reforçar a segurança do prédio com câmeras de vigilância e alarmes.
“É preciso ter uma base da GM aqui perto, porque logo terá uma estação do BRT aqui do lado e já imaginou a movimentação que haverá? O problema precisa ser enfrentado. Eu costumo dizer que, quando surge uma atitude negativa, Deus a usa para fazer o bem”, disse o presidente, frisando que usou recursos do seu bolso e investiu R$ 60 mil na manutenção do local.
Em nota, a GM informou que enviou equipes ao local e reforçou o patrulhamento no prédio da Academia e em todo o entorno, o que será mantido. “A GM tem imagens e equipes do setor de inteligência e está auxiliando a Polícia Civil na identificação do autor”, citou.
Tema em pauta
O roubo foi registrado pela PM no 1º Distrito Policial (DP). A polícia acredita que o autor do roubo seja um morador em situação de rua. O diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2 (Deinter-2), Fernando Manoel Bardi, e o comandante do 8º Batalhão de Policiamento de Interior (BPMI), tenente-coronel Paulo Henrique Rosas, admitiram recentemente que a situação dessa população é um tema que envolve todos os órgãos públicos e deverá ser discutido com a Administração. Rosas ressaltou que diversas ações são realizadas na região central para coibir os crimes.