Equipes multidisciplinares realizam diversos tipos de atendimento, o que inclui vacinação, assistência em saúde mental e ações para prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis (Alessandro Torres)
Os serviços do Consultório na Rua em Campinas começaram a ser ampliados a partir deste mês após um aditamento do convênio entre a Secretaria de Saúde e o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira. Com isso, a Prefeitura contratou mais profissionais e comprou novos veículos para as atividades direcionadas à população em situação de rua. A expectativa da Saúde é reforçar ações no Centro e ampliar as áreas de atuação. A média mensal de atendimentos deve subir gradativamente de 450 para 675, aumento de 50%.
Agora, Campinas tem uma equipe a mais, totalizando três, uma vez que o número de profissionais passou de 18 para 27. Juntas, as equipes reúnem cinco médicos, três enfermeiros, cinco técnicos em enfermagem, dois psicólogos, um assistente social, dois terapeutas ocupacionais, três motoristas, um auxiliar administrativo, quatro agentes de ação social e um coordenador.
De acordo com a Prefeitura, dois veículos novos foram adquiridos. O antigo carro, que pertence ao Cândido, será direcionado para outras atividades internas da instituição. O Consultório na Rua passa a contar também com um terceiro automóvel, por meio de locação. Anteriormente, esse recurso era utilizado apenas em situações pontuais.
O coordenador da Saúde Mental de Campinas, Marcelo de Souza Bruniera, destacou que haverá um ganho significativo em mobilidade. Uma das consequências positivas é que o Consultório na Rua poderá, com mais facilidade, acessar novos usuários e expandir cada vez mais os seus serviços, tanto no Centro da cidade como em outras regiões sensíveis, para que Campinas avance na política de atendimento às pessoas em situação de rua.
"É uma medida extremamente importante diante do aumento da demanda registrado nos últimos anos, especialmente após a pandemia", explicou Bruniera. O Consultório é um serviço itinerante que realiza atendimento em saúde para a população vulnerável desde 24 de setembro de 2012. As equipes multidisciplinares realizam o atendimento “in loco”.
Em um veículo, o Consultório percorre as ruas de Campinas, principalmente nas regiões onde há maior concentração de moradores em situação de vulnerabilidade social, e oferece atendimento especializado. O serviço inclui, por exemplo, assistência em saúde mental, vacinação e ações para prevenção e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis.
“O Consultório na Rua oferta atendimentos multiprofissionais e médicos de forma ampliada, na lógica do cuidado integral, com objetivo de contemplar as demandas apresentadas pelas pessoas em situação de rua. Quando necessário, ele articula cuidados com outros serviços, incluindo centros de saúde e serviços especializados do SUS Municipal, além da Rede Mário Gatti”, explicou o coordenador da Saúde Mental de Campinas.
“A ampliação é importante não somente para atender as pessoas em situação de rua, mas também permitir o acesso delas aos equipamentos públicos com outros serviços”, explicou a coordenadora do Consultório na Rua, Alcyone Januzzi.
RECEPTIVIDADE
O atendimento humanizado, com tratamento digno para a população que está em situação de rua, é um dos elementos que faz com que os atendidos aprovem o serviço oferecido pelo Consultório na Rua. Fernando Henrique Lima, 34 anos, estava ontem próximo à escadaria da Catedral Metropolitana e precisou receber atendimento após ter cortado a mão em uma garrafa de vidro. "Muitas pessoas fazem vista grossa, não dão valor. Para mim, é motivo de muita alegria ter essas pessoas perto de nós", destacou o homem para a reportagem ao mesmo tempo em que elogiava os integrantes da equipe. "Esse pessoal é uma benção de Deus. Sem eles não sei o que seria de nós."
Paulo Silva, que em breve completará 47 anos, foi outro ajudado ontem pela equipe do Consultório na Rua. Ele passou pelo veículo itinerante ara retirar pontos que foram colocados após uma operação. "É bom, (o serviço) é ótimo. Estão me ajudando para ficar melhor para eu andar", contou o homem que reclamava que os pontos estavam atrapalhando o dia a dia dele.