CENÁRIO PREOCUPANTE

Saúde padroniza assistência a pacientes vítimas de AVC

Objetivo é criar um protocolo único de atendimento médico para salvar vidas

Luis Eduardo de Sousa/luis.reis@rac.com.br
20/06/2024 às 09:34.
Atualizado em 20/06/2024 às 10:12
Segundo os dados levantados pela Secretaria de Saúde, foram registradas 1.150 internações por AVC nas unidades que oferecem atendimento especializado para esses casos, incluindo Ouro Verde, Mário Gatti, PUC-Campinas, Beneficência, Irmãos Penteado e o HC da Unicamp (Alessandro Torres)

Segundo os dados levantados pela Secretaria de Saúde, foram registradas 1.150 internações por AVC nas unidades que oferecem atendimento especializado para esses casos, incluindo Ouro Verde, Mário Gatti, PUC-Campinas, Beneficência, Irmãos Penteado e o HC da Unicamp (Alessandro Torres)

A cidade de Campinas registrou um total de 548 óbitos devido a Acidente Vascular Cerebral (AVC) nas unidades da rede municipal de saúde ao longo de 2023, segundo levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Saúde. Essa patologia foi responsável por 6,3% de todas as mortes registradas no ano nos hospitais que atendem via Sistema Único de Saúde (SUS), representando uma taxa de 49,8 óbitos a cada 100 mil habitantes.

Diante desse cenário, a Secretaria Municipal de Saúde está em alerta máximo para a possibilidade de progressão da doença, que, de acordo com as estimativas da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, deve atingir um a cada quatro pessoas no Brasil.

Como uma resposta a essa situação crítica, a Secretaria Municipal de Saúde lançou o documento "Linha de Cuidado em AVC para Otimizar a Assistência", uma iniciativa que visa padronizar os atendimentos para AVC em todas as unidades de urgência e emergência da cidade. O objetivo principal dessa medida é reduzir a letalidade e prevenir a doença, garantindo um atendimento de qualidade e eficiente para os pacientes acometidos por essa condição.

Segundo os dados levantados pela Secretaria, foram registradas 1.150 internações por AVC nas unidades que oferecem atendimento especializado para esses casos, incluindo os hospitais Ouro Verde, Mário Gatti, PUCCampinas, Beneficência Portuguesa, Irmãos Penteado e o Hospital de Clínicas da Unicamp.

Entre essas instituições, o Hospital Ouro Verde se destaca como referência municipal para o tratamento de AVC, tendo realizado 534 internações, o que corresponde a 46,4% do total. Apesar do volume expressivo de atendimentos, o Hospital Ouro Verde apresentou uma taxa de letalidade de 9%, com 48 óbitos registrados, um percentual inferior à média do município (11,3%) e do país (11,8%).

No entanto, a série histórica desde 2014 revela um quadro ainda mais preocupante, com um total de 5.692 mortes por AVC registradas em Campinas ao longo desses anos. Mônica Macedo Nunes, diretora do Departamento Municipal de Saúde, alerta para o fato de que a letalidade após um ano do acidente é ainda maior, chegando a 30%. Esse dado reforça a necessidade de um acompanhamento contínuo e de longo prazo dos pacientes que sofreram um AVC, a fim de prevenir complicações e garantir uma melhor qualidade de vida. 

O avanço do envelhecimento populacional é outro fator que contribui para a preocupação da administração municipal em relação ao AVC. Os idosos são as principais vítimas dessa patologia, e os números de 2023 mostram que 70% dos acometidos tinham mais de 60 anos. Nessa faixa etária, foram registrados 136 óbitos, resultando em uma letalidade de 11,83%. Atualmente, Campinas possui uma população de 209,3 mil residentes com 60 anos ou mais, o que equivale a 18,4% da população total do município. Esse cenário demográfico requer uma atenção especial das autoridades de saúde, com políticas públicas voltadas para a prevenção e o tratamento do AVC nessa população mais vulnerável.

O prefeito Dário Saadi (Republicanos) ressalta que o objetivo do protocolo de atendimento lançado pela Secretaria Municipal de Saúde é reduzir a taxa de letalidade por AVC, tendo como base as práticas adotadas no Hospital Ouro Verde. Nessa instituição, a especialização do corpo de servidores e a criação de protocolos internos para um atendimento rápido dos pacientes têm sido fundamentais para o sucesso no tratamento dessa condição.

Existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O AVC isquêmico, responsável pela maioria dos casos, é causado pela obstrução de uma artéria devido a trombose ou embolia, impedindo o fornecimento de oxigênio às células cerebrais e levando à sua morte. Já o AVC hemorrágico, apesar de representar apenas 15% dos casos, é mais letal e pode acarretar sequelas mais graves. Esse tipo de AVC ocorre quando um vaso sanguíneo cerebral se rompe, resultando em hemorragia.Os fatores de risco são o tabagismo, a obesidade, o sedentarismo, a hipertensão, o diabetes tipo 2 e o colesterol alto.

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