COMBATE AO MOSQUITO

Guerra contra a dengue chega ao Oziel com meta de visitar oito mil imóveis

Esta é a primeira iniciativa desse tipo desde o alerta de que os casos em 2025 podem ultrapassar os registrados neste ano

Luiz Felipe Leite/luiz.leite@rac.com.br
24/11/2024 às 11:17.
Atualizado em 24/11/2024 às 17:17
Agentes do mutirão contra a dengue visitam imóveis em busca de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença (Alessandro Torres)

Agentes do mutirão contra a dengue visitam imóveis em busca de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença (Alessandro Torres)

O primeiro mutirão municipal para prevenção e combate à dengue de Campinas, após a "declaração de guerra" da Prefeitura contra a doença, foi realizado na manhã de ontem, dia 23. Foram visitadas residências de moradores do Parque Oziel e outros sete bairros do entorno. O balanço da operação só vai ser divulgado pela Administração Municipal amanhã, dia 25. A meta, no entanto, era de que aproximadamente oito mil imóveis da região fossem vistoriados por uma equipe composta por agentes da Secretaria de Saúde da cidade e colaboradores de uma empresa terceirizada para controle de pragas, além de voluntários.

A ação começou por volta das 8h, com uma reunião na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) e Educação de Jovens e Adultos (EJA) Oziel Alves Pereira, na Rua Fauze Selhe. O encontro, que teve a presença do prefeito Dário Saadi (Republicanos) e outros integrantes do primeiro escalão da Administração Municipal, foi realizado para os colaboradores do mutirão serem orientados para onde deveriam ir durante as atividades realizadas no sábado, além de receberem outras informações relevantes.

Na sequência, os agentes da Secretaria de Saúde, os colaboradores da empresa terceirizada e os voluntários foram às principais ruas e avenidas dos bairros Parque Oziel, Gleba B, Jardim Monte Cristo, Jardim do Lago 2, Jardim Santa Cruz, Jardim Bandeiras 1 e 2, e Jardim São José.

Os colaboradores visitaram as residências da região do Parque Oziel, e abordaram os moradores para conscientizá-los sobre o Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, e como evitar a sua proliferação. Em alguns casos, os fiscais foram autorizados a entrar nas casas para vistoriar os locais e identificar eventuais criadouros do inseto. Em outros casos, no entanto, os donos de algumas casas não foram localizados. Esses imóveis serão visitados posteriormente, por outras equipes de combate à dengue enviadas pela Prefeitura de Campinas.

Integrantes da Campi Ambiental também participaram do mutirão, com veículos da empresa, retirando entulhos e realizando a limpeza de bueiros.

APOIO

O instalador Pedro Henrique Trindade foi o primeiro morador da região do Parque Oziel a receber a equipe do mutirão. E mostrou estar consciente da importância de manter a residência livre de criadouros. "A gente tenta fazer a nossa parte. Deixamos as garrafas viradas, as plantinhas estão sempre secas, não deixamos água acumular. Acho importante fazer essas operações para conscientizar a população porque eu peguei dengue, fiquei uma semana de cama, muito mal. Depois, você volta para o trabalho com o corpo totalmente ruim. Então, eu não quero mais passar por isso e não quero que outras pessoas também passem", afirmou.

A faxineira Maria Liciane dos Santos vive com os dois filhos em uma casa na Rua Bruno Benetti, também no Parque Oziel. Ela também recebeu os fiscais enviados pela Prefeitura e autorizou a entrada no imóvel, onde demonstrou que não possui objetos que podem virar criadouros de dengue. "Sinceramente, acho que o principal problema mesmo está na rua. O pessoal joga muito lixo, deixa acumular água onde não pode daí os mosquitos aparecem e vão para a casa da gente, que faz tudo certinho. Um dos meus filhos teve dengue no começo do ano e ficou internado cinco dias no Hospital Mário Gatti. Não quero que isso aconteça de novo."

CRIADOUROS

Segundo o prefeito Dário Saadi, todos os mutirões são fundamentais e o mais importante é tentar convencer a população a permitir a entrada do agente de controle da dengue em casa. "O Ministério da Saúde já fez várias pesquisas. De 75% a 80% dos criadouros dos locais onde os mosquitos se proliferam ficam dentro das residências e dos quintais. Por isso é muito importante as famílias, os moradores, permitirem a entrada dos agentes. E, uma vez por semana, olharem dentro das suas casas, se não tem água parada e um possível criadouro de mosquitos da dengue", comentou.

E a não permissão para entrar nas residências foi uma das dificuldades sentidas pelos agentes que estiveram na região do Parque Oziel neste sábado. Foi o caso de Amanda Santana, que visitou algumas casas na Avenida Antonio Von Zuben, no Jardim São José, próximo da saída para a Rodovia Santos Dumont (SP-075). "Algumas pessoas nos recebem bem, conversam conosco. Mas infelizmente existem alguns locais onde os moradores não estão. E é complicado, pois não podemos descartar que possam existir criadouros de dengue dentro desses imóveis. Nesses casos, temos de voltar em outra hora." 

GUERRA

A Prefeitura de Campinas declarou guerra à dengue diante da previsão de enfrentar em 2025, um quadro igual ou pior ao deste ano, quando registrou o recorde de 80 mortes em 120.475 casos confirmados até a última quinta-feira, dia 21. É a pior epidemia desde 1998, início da série histórica, superando com folga 2015, até então o pior ano com 22 óbitos e 65.754 notificações positivas.

"É uma declaração de guerra. Quem viveu a epidemia deste ano, com mais de 120 mil casos, sabe o que foi", disse o prefeito Dário Saadi ao anunciar novas medidas de combate à doença, incluindo uso de imagens de satélite da Polícia Federal para localizar imóveis com grandes quantidades de criadouros, uso de Inteligência Artificial (IA) para ampliar a vacinação, busca de apoio de lideranças de bairros, comunidades religiosas, empresas, entidades de classe e identificação, com placa ou cartaz, dos imóveis onde não foi possível fazer vistoria, seja por ausência dos moradores ou por proibição de entrada dos agentes de saúde.

"Nós não queremos discriminar a casa. Queremos identificar e pedir ao morador que olhe no seu quintal, na sua casa, nas suas plantas para verificar se não há água parada", destacou o prefeito. A água parada em ralos, pratos de vasos de plantas, caixas d´água, garrafas, potes, piscinas e outros locais servem de criadouro do mosquito Aedes aegypti.

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