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Casos de meningite crescem 23% no Estado de São Paulo

Secretaria de Saúde de Campinas contabiliza três registros na cidade em 2023

Bianca Velloso/ bianca.velloso@rac.com.br
11/07/2023 às 08:56.
Atualizado em 11/07/2023 às 08:56
A vacina meningocócica C (conjugada) faz parte da vacinação de rotina e está disponível em todos os centros de saúde de Campinas; rede particular também oferece imunizantes (Rodrigo Zanotto)

A vacina meningocócica C (conjugada) faz parte da vacinação de rotina e está disponível em todos os centros de saúde de Campinas; rede particular também oferece imunizantes (Rodrigo Zanotto)

Os casos de meningite aumentaram 23% no Estado de São Paulo. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo registrou 2.303 casos da doença entre janeiro e junho deste ano contra 1.869 registros no mesmo período de 2022. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina contra meningite. A doença é causada por vírus ou bactéria. No caso de infecção por bactérias, o tratamento requer terapia intensiva e uso de antibióticos. Já no caso da meningite causada por vírus, é importante manter a hidratação e tratar os sintomas. A doença pode levar a óbito quando não cuidada.

Segundo dados da Secretaria de Saúde de Campinas, não houve nenhum caso de meningite meningocócica no primeiro semestre do ano passado. Em 2023, foram contabilizados três casos, todos eles com evolução para a cura.

A meningite consiste na inflamação das meninges - estruturas que protegem e recobrem o cérebro, medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. O quadro inicial da doença tem como principal sinal a febre, seguida por falta de apetite, vômitos, mal-estar, fotofobia, dor de cabeça intensa e dificuldade ao tentar mexer o pescoço. Conforme a meningite vai evoluindo, podem aparecer manchas roxas na pele e pequenas pintas.

O neurologista Felipe da Graça explicou a transmissão.

“As (meningites) virais e bacterianas ocorrem por via aérea, de pessoa para pessoa, por meio de gotículas, secreções do nariz e da garganta. Ou seja, pelo ar. Também pode ocorrer por meio de objetos ou alimentos contaminados com patógenos (vírus, bactérias ou parasitas).”

Graça disse que o diagnóstico inclui avaliação médica, coleta do líquido que envolve o cérebro e a medula e, em alguns casos, exames de imagem, como a tomografia. O tratamento, que varia de acordo com o agente causador da meningite, que pode ser vírus ou bactéria, tem duração de sete a 14 dias.

A pediatra Silvia Helena Viesti Nogueira destacou que o leite materno é um aliado na prevenção da doença. O recomendado é, quando possível, amamentar a criança até 2 anos de idade. Para crianças acima dessa faixa etária, um cuidado importante é com a alimentação, além de praticar atividades físicas ao ar livre e manter a vacinação em dia.

“A cobertura vacinal contra meningite C em 2022, no Estado de São Paulo, ficou em 77%, sendo que o esperado seria 95%”, alertou Silvia Helena.

Segundo Silvia Helena, as meningites bacterianas podem evoluir rapidamente para óbito em 20% a 30% dos casos, sendo que o paciente já pode estar em estado grave poucas horas após o início do quadro febril, podendo ter um desfecho fatal em menos de 24 horas.

“Devemos lembrar que as meningites podem ser causadas por vírus. Esses casos geralmente são benignos, com evolução favorável, e raramente evoluem para óbito. O que mais preocupa são as meningites causadas por bactérias. Podemos destacar, entre elas, as causadas pelos agentes haemophilus, pneumococo e meningococo. No nosso meio, nós destacamos a maior prevalência dos agentes pneumococo e meningococo, uma vez que a vacinação em massa contra o haemophilus tipo B, que acontece desde os anos 90, contribuiu de forma significativa para diminuição de casos causados por esse agente”, relembrou a pediatra.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Campinas informou que todos os postos de saúde da cidade oferecem a vacina.

“A vacina meningocócica C (conjugada) faz parte da vacinação de rotina e está disponível em todos os centros de saúde de Campinas. As doses são aplicadas em crianças menores de 1 ano, sendo a primeira aos 3 meses e a segunda aos 5 meses. Aos 12 meses é feito um reforço do imunizante. Desde julho de 2021 a vacinação está disponível em todo o País para crianças de até 10 anos que perderam a oportunidade de receber as doses na idade indicada. O imunizante também é indicado para profissionais de saúde, mesmo que já estejam com o ciclo completo.

A Secretaria acrescentou que a vacina meningocócica ACWY (conjugada) está, desde 2020, disponível na rotina de vacinação dos adolescentes de 11 e 12 anos. No entanto, até dezembro deste ano, pessoas com 13 e 14 anos também poderão receber a dose.

Thais Fernanda da SIlva, 31 anos, tem três filhos e optou pela vacinação das crianças.

“Diante desse movimento de negação das vacinas em geral, nós fizemos a nossa parte. Isso porque temos medo das doenças”, disse a mãe.

Thais pagou a vacina ACWY para Luisa, a filha de 7 meses, pois a menina estava prestes a entrar para a escola.

“Eu optei por pagar. Essas vacinas oferecidas pelas clínicas particulares protegem contra mais variações. É uma doença que, apesar de rara, pode progredir para morte. Como a Luisa tinha que ir à escola, nós tivemos que dar, porque o contato com crianças é um fator de risco”, avaliou Thais. O filho mais velho, Leonel, 7 anos, tomou a vacina no SUS. Já Maitê, 3 anos, ainda não tomou a vacina.

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