Prefeitura mantém ações de combate aos focos de criadouros da dengue, mas participação da população é essencial; amelhor forma de prevenção é eliminar qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas (Kamá Ribeiro)
A epidemia de dengue em Campinas fez mais cinco vítimas fatais, elevando para 46 o total de mortos pela doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti neste ano. O número é mais do que o dobro do segundo ano com mais mortes, 2015, quando foram registradas 22. Os óbitos, de acordo com a nota da Secretaria Municipal de Saúde, ocorreram entre 15 e 27 de abril, sendo a maioria de mulheres (quatro do sexo feminino e umdo sexo masculino). Entre 1º de janeiro e 1º de julho foram confirmados 113.446 casos de dengue no município.
Com as novas mortes, são 113 vítimas fatais na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Pelo Painel de Monitoramento de Dengue do Estado de São Paulo, a região ainda tem 181.397 casos positivos, 3.845 com sinal de alarme, 295 casos graves da doença e 119 mortes em investigação. Os dados foram contabilizados até ontem, dia 8 de julho, quando ocorreu a última atualização do painel. A dengue grave é aquela que ocorre quando o paciente entra em uma fase crítica de três a sete dias após o início dos sintomas tradicionais, apresentando piora no estado clínico geral.
Em Campinas, a Secretaria de Saúde lamentou as mortes e se solidarizou com as famílias. De acordo com a Pasta, o desfecho óbito depende de fatores como procura precoce por atendimento, manejo clínico adequado e fatores individuais do paciente, como possíveis doenças preexistentes. Não há relação direta com a oscilação de casos, embora o município registre, desde maio, redução da transmissão da doença – principalmente em virtude da diminuição das temperaturas.
Assim como em todas as situações de casos registrados, medidas preconizadas foram desencadeadas nas regiões onde residiam as pessoas que morreram: controle de criadouros, busca ativa de pessoas sintomáticas e nebulização para combater o mosquito Aedes aegypti. Pelo Painel do Estado, Campinas ainda tem 79 mortes em investigação, 3.022 casos com sinal de alarme e 173 graves.
Das últimas vítimas fatais confirmadas, quatro eram mulheres. Uma delas tinha 30 anos, sem comorbidade e era moradora da área de abrangência do Centro de Saúde (CS) Nova América. Os sintomas começaram no dia 7 de abril e a morte aconteceu no dia 15 do mesmo mês. Outra vítima do sexo feminino tinha 56 anos, possuía comorbidades, e era moradora da região do CS Centro. Ela teve início dos sintomas em 19 de abril e o óbito ocorreu no dia 27, oito dias depois. A terceira mulher que faleceu tinha 90 anos e não possuía comorbidade. Era moradora da área de abrangência do CS Taquaral, começou a sentir os sintomas no dia 19 de abril e morreu no dia 24. Por fim, a última mulher vítima da dengue tinha 76 anos e comorbidades, tendo falecido no dia 25 de abril, quatro dias depois do primeiro sintoma.
Ainda foi confirmada a morte de um homem de 82 anos, com comorbidades. Ele era morador da região do CS Santo Antônio. O início dos sintomas foi no dia 21 de março e a morte aconteceu mais de um mês depois, em 25 de abril.
SITUAÇÃO ATUAL
Mesmo com o fim do estado de emergência e os casos em ºdeclínio, a Secretaria de Saúde reitera o alerta feito desde 2023 com objetivo de sensibilizar a população para tentar reduzir casos e óbitos: a melhor forma de prevenção contra a dengue é eliminar qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. É importante, ainda, vedar a caixa d'água emanter fechados vasos sanitários inutilizados.
O município declarou fim do estado de emergência para dengue, mas permanece em epidemia. Com isso, as medidas de prevenção e combate à dengue devem ser contínuas e realizadas o ano todo pela população, inclusive durante o inverno. O pico de transmissão da dengue neste ano ocorreu no período entre 7 e 13 de abril, quando a cidade registrou 8.508 contaminados. O ano de 2024 registra a pior epidemia da série histórica do município, com 12 semanas em que o número de novos casos ficou acima dos cinco mil.
A epidemia de dengue é nacional e, neste ano, dois fatores contribuíram para aumento de casos em Campinas: a circulação simultânea de três sorotipos do vírus pela primeira vez na história e condições climáticas favoráveis para a proliferação do mosquito, principalmente por conta das sucessivas ondas de calor entre outubro e início de maio.
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. A Secretaria de Saúde um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.
MEDIDAS
Em 2023, um estudo da Secretaria de Saúde mostrou que a cidade viveria uma nova epidemia de dengue. Por isso, foram desencadeadas diversas medidas para o enfrentamento da doença, muitas delas consideradas adicionais ao planejamento regular de prevenção e combate à dengue. O plano incluiu uma Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e um novo site para divulgar informações.
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