Cálculo considera os primeiros sete meses de 2022 e 2023; Prefeitura aponta ampliação das equipes da saúde da família como uma das principais causas
O novo prédio do Centro de Saúde Campina Grande foi inaugurado na segunda-feira (28); quase metade das unidades passaram por readequações desde 2021 (Fernanda Sunega/PMC)
Campinas ampliou em 160 mil os atendimentos nos Centros de Saúde entre o primeiro semestre do ano passado e o mesmo período de 2023. De acordo com os registros de atendimentos contabilizados pela Secretaria Municipal de Saúde, entre janeiro e julho de 2022 foram 1.499.302 atendimento. Nos seis primeiros meses deste ano, a soma foi de 1.658.228. O aumento nos atendimentos é da ordem de 10,59%.
De acordo com a Saúde, a elevação se dá em razão da reestruturação promovida pela Pasta, que aumentou a quantidade de equipes da saúde da família desde 2021, saltando de 186 para atuais 235. Além disso, um novo Centro de Saúde foi inaugurado recentemente no bairro Guanabara, no espaço onde antes funcionava a Policlínica I, somando 67 unidades na cidade. Ainda uma nova unidade deve ser inaugurada para atender a população dos bairros Residencial Sirius e Residencial Cosmos, somando 68. Outros dois CS’s (Centros de Saúde) foram requalificados, dos quais um já foi entregue – no Bairro Campina Grande – e um deve ser entregue em breve no Jardim São Vicente.
Apesar das mudanças promovidas pela pasta, o Conselho Municipal da Saúde (CMS) alerta para um déficit na quantidade de equipes que atuam nos CS’s. Segundo o Conselho, a rede municipal deveria contar com pelo menos 300 equipes de saúde da família. “O ideal”, segundo cartilha do Conselho, “é que cada equipe atenda 3 mil pessoas”.
Se comparados os atendimentos registrados no primeiro semestre de 2023 com os de igual período em 2021, o incremento chega a 400 mil. No ano retrasado foram 1.258.895 assistências - quantitativo 24,08% menor que o observado no ano atual, de aproximadamente 1,6 milhão.
A diretora de Saúde do município, Mônica Macedo Nunes, enfatizou que a preocupação da Pasta nos últimos anos tem sido aumentar a cobertura.
“Cada unidade de Saúde tem em torno de três a cinco equipes de Saúde. Segundo o que o Ministério da Saúde preconiza, cada unidade tem que dar conta de um montante entre 20 mil e 25 mil pessoas. Hoje a gente já conta com 70% de cobertura entregando todos os preceitos que o Ministério indica. Temos em torno de 20% a 30% de aumento no número de consultas e exames por conta disso”, disse.
Uma equipe de família da Saúde é composta por um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem e um agente comunitário de Saúde. Conforme Mônica, a rede municipal tem garantido mais do que o mínimo, oferecendo o que o Ministério denomina de “equipe multi”, composta por profissionais de diversas categorias, como fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, pediatras e ginecologistas.
“Com isso, conseguimos resolver na atenção primária situações que, antes, acabavam por ser encaminhadas para a especialidade”, afirmou a diretora.
O Conselho de Saúde, no entanto, rebate o cenário vendido pela Secretaria. O CMS critica a composição do quadro de profissionais que formam uma equipe.
“Em Campinas, desde 2000, quando foi implantado o Programa Paidéia de Saúde da Família, a equipe deveria ser composta por um médico generalista ou de família; pediatra (pelo menos 12 horas por equipe); ginecologista (pelo menos 12 horas por equipe); um enfermeiro; três auxiliares ou técnicos de enfermagem; pelo menos quatro agentes comunitários de saúde; um dentista e um técnico de saúde bucal. A Saúde, desde o ano de 2014, vêm retirando os pediatras e ginecologistas das equipes, alocando-os nos NASF (atualmente denominada de Equipe Multidisciplinar de Apoio à Saúde da FamíliaEMAESF), o que tem sido ponto de conflito com os usuários e com grande parte dos próprios profissionais de saúde”, reclamou o Conselho por meio de nota.
Sônia Faria, de 55 anos, é moradora do Jardim Eulina há mais de uma década. Ela considera que o CS do bairro tem problemas de lentidão nos procedimentos, apesar de ter bom acolhimento primário.
“O pessoal que trabalha é competente, não tenho queixa, mas é o sistema todo. Esses dias eu estava com o ouvido tapado por cera. Eu fui lá e eles disseram que eu tinha que pingar remédio, sendo que com uma lavagem eu já resolvia meu problema ali e me livrava do incômodo. Quando precisa de um especialista, a gente não consegue rápido. Então, acho que essa parte poderia ser melhor”, opinou a moradora.