Ao menos mil moradores permaneciam desabrigados ou desalojados, ou foram indiretamente afetados pelas chuvas em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, que atingem a região desde este domingo (17), de acordo com a Defesa Civil da prefeitura. A maioria deixou suas casas e está abrigada com parentes e amigos. Em Camburi, na Vila Lobo Guará, 114 famílias estavam totalmente ilhadas, pois a única rua que dá acesso ao bairro estava totalmente alagada. Até a noite desta segunda-feira, três famílias permaneciam no ginásio de esportes de Boiçucanga, um dos bairros atingidos.
"Virou um rio", comparou o coletor de lixo Thiago dos Santos Ferrari, de 25 anos, que perdeu tudo no fim de semana. "Tudo o que havia sobrado da outra enchente, há 15 dias." Ferrari afirmou que não conseguiu salvar os móveis. "Faltou um metro para a água atingir o teto, não tinha como levantar os móveis que restaram da outra enchente", lamentou ele, que mora com a mulher e duas crianças. "Já enfrentei cinco enchentes nos últimos cinco anos e essa foi bem pior." Segundo a Defesa Civil, no domingo a água atingiu 2,47 metros no bairro. Era possível ver apenas o telhado de algumas casas, conforme moradores. Com a ponte que dá acesso ao bairro tomada pela água, Ferrari disse que conseguiu chegar até sua moradia pulando árvores. "Era o único jeito, pois a ponte ficou debaixo d'água."
O morador Pedro Augusto Lemes, de 49 anos, temia atravessar a rua. "Tem muita fiação elétrica exposta na água e cobras." Lemes aguardava um barco da Defesa Civil para chegar em casa. Das 17 horas de domingo até o fim da tarde desta segunda-feira, havia chovido 243 milímetros. "Praticamente a mesma quantidade prevista para um mês de março, que, naturalmente, é chuvoso", afirmou o o coordenador da Defesa Civil de São Sebastião, Carlos Eduardo dos Santos. O órgão enviou mantimentos e água mineral para os moradores, que também estão sem energia elétrica desde domingo.
A cidade ainda se recuperava de uma tromba-d'água que atingiu a mesma região sul de São Sebastião, há cerca de 15 dias, que resultou na morte de uma menina de 11 anos. À época, uma enxurrada vinda da Serra do Mar levou carros, postes, pontes, árvores e casas, deixando centenas de desabrigados.