Estudo foi realizado pela pesquisadora Maressa Caldeira Morzelle, com a orientação de Jocelem Salgado (Divulgação)
Perda de memória, dificuldade para realizar atividades simples, mudanças de humor e comportamento agressivo. Muitos acham que esses sintomas são "coisa da idade". Mas, eles podem ser sinais do mal de Alzheimer, doença degenerativa e incurável que atinge, na maioria dos casos, idosos com idade entre 60 e 70 anos.
De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer, 5 em cada 100 idosos com mais de 70 anos são atingidos por esse mal. E essa porcentagem aumenta conforme a idade.
No Brasil, aproximadamente 900 mil pessoas já foram diagnosticadas com a doença e diversas pesquisas para os avanços em suas formas de tratamento e amenização são desenvolvidas.
Na Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo), a pesquisadora do Departamento de Agorindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), Maressa Caldeira Morzelle, com a orientação da professora Jocelem Mastrodi Salgado, constatou a pontecialidade do resíduo de romã como aliado na prevenção do Alzheimer.
O estudo foi desenvoldo como parte do mestrado no programa de pós-graduação em ciências e tecnologia de alimentos da Esalq e foi intitulado Resíduos de romã (Punica granatum) na prevenção da doença de Alzheimer. Ele foi realizado entre 2011 e 2012.
"Estudos desenvolvidos pela equipe da professora Jocelem e publicados em revistas internacionais mostraram que a romã é uma fonte de compostos bioativos, aqueles que, além de nutrir, podem prevenir ou reduzir o risco de doenças. Os estudos indicaram que a fruta se destacava como potencial fonte de antioxidantes, principalmente em sua casca. Com isso, decidiu-se testar sua atividade no mal de Alzheimer", explica Maressa.
O principal ponto da pesquisa era a comprovação científica que existe um componente na casca da romã que consegue manter o nível normal do neurotransmissor acetiliconila, o qual, na doença de Alzheimer, se apresenta em um nível reduzido no cérebero. "A acetilcolina é responsável pela manutenção das atividades cerebrais relacionadas à atenção, aprendizagem e memória", conta a pesquisadora.
A partir dos resultados obtidos foi possível concluir que a fruta pode ser usada como uma aliada na prevenção da doença, por meio do extrato da casca em pó para ser diluído como suco ou adicionado a sucos de outros sabores, considerando a manutenção dos níveis de acetilcolina normais. “Acreditamos que este é apenas o começo da pesquisa. O início de uma longa caminhada em busca de produtos naturais que possam ser aplicados na prevenção desta doença. Uma doença que acarreta não somente gastos com saúde pública, mas também a redução da qualidade de vida”, afirma Maressa.
Ainda segundo a pesquisadora, hoje são aplicados cinco medicamentos no tratamento da doença. Dentre estes, quatro apresentam o mecanismo anticolinesterásico, o mesmo estudado e comprovado na casca de romã. Estes medicamentos possuem custos elevados, em torno de R$ 300,00 por mês, e efeitos colaterais como náuseas, tontura e dores de cabeça.
“Diante disto, terapias baseadas em compostos naturais constituem uma alternativa interessante. Isto porque as plantas em geral são fontes de compostos bioativos de forma qualitativa e quantitativa, tornando-se uma estratégia importante para o tratamento de distúrbios neurológicos como a doença de Alzheimer”, finaliza Maressa, que atualmente é doutoranda em ciência e tecnologia de alimentos pela Esalq.
Fotos: Divulgação
Estudo foi realizado pela pesquisadora Maressa Caldeira Morzelle, com a orientação de Jocelem Salgado