RUBENS MORELLI

Racismo disfarçado

Rubens Morelli
rubens.morelli@rac.com.br
23/05/2013 às 20:49.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:44

Jesse Owens talvez tenha sido o atleta mais importante da história. Em pleno Estádio Olímpico de Berlim, calou a boca de Adolf Hitler, um dos maiores idiotas de todos os tempos, que gostava de separar as pessoas por suas cores. Com suas quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936 — 100m, 200m, 4x100m e salto em distância —, Owens deu uma lição de que o racismo é de uma imbecilidade tamanha que só quem tem cabeça frouxa mantém depois de tanto tempo.

Ele não foi o único a mostrar do que o homem é capaz. Pelé surgiu pouco depois e encantou o mundo ao ganhar a Copa do Mundo em um país cuja loirice é predominante. Ao longo da carreira, continuou exibindo jogadas plásticas de cair o queixo dos preconceituosos. O que ele fazia era pura magia. Virou rei do futebol e diplomata da humanidade, a ponto de parar uma guerra no meio.

Muhammad Ali, João do Pulo, Tiger Woods, Venus e Serena Williams, Mireya Luis, Lewis Hamilton, Usain Bolt... Os exemplos não faltam. O leitor pode até argumentar que o aspecto físico favorece os atletas. Mas fora do esporte também há muita gente influente. Martin Luther King, Oprah Winfrey, Karl Marx, Ray Charles, Nelson Mandela, Barack Obama... A lista é tão grande que não caberia nesta coluna. E todos eles conseguiram sucesso independentemente da cor da pele. Por méritos próprios.

E por que falo isso? Porque nenhum deles precisou se beneficiar de estúpidas cotas raciais para se destacar entre os outros. Todos, ou quase todos, saíram da pobreza para brilhar mundo afora. A receita é dedicação e força de vontade.

As cotas raciais, sempre em pauta nas rodinhas da politicagem brasileira, servem apenas para separar ainda mais “negros” e “brancos”, sem falar dos “amarelos”, “vermelhos”, “marrons” e afins, muitas vezes nem mencionados por essa gente ignorante que ainda hoje gosta de classificar as pessoas pelo tom de melanina na pele. Ou você acha que Michael Jordan se transformou na lenda do basquete porque foi beneficiado pela lei de cotas?

Guardar 20% das vagas de emprego, da universidade ou dos ingressos para a Copa é o mesmo que guardar a parte de trás do bonde para aquela “gente diferenciada” no século retrasado.

Cota racial é o novo nome do racismo e quem aceita isso é, sim, racista, seja qual for a cor de pele que carrega com os ossos.

Infelizmente ainda há desigualdade. Mas não é dessa forma que se resolve o problema. A igualdade que a lei de cotas prega deve começar desde o pré-natal. Para que todas as crianças tenham condições de saúde e educação dignas ao nascerem. Porque nem todo pobre e desfavorecido é negro. E todos, seja de qual cor forem, devem ter o direito de sonhar.

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