Entre os motivos, estão os frequentes problemas de funcionamento das escadas rolantes e elevadores do local, todos temas recentes de reportagens do Correio
Processo ocorre no momento em que o consórcio formado para gerir a rodoviária pede revisão contratual para aumentar o valor que recebe do Município ( Janaína Ribeiro/ ANN )
A Prefeitura de Campinas abriu um processo administrativo para investigar possível omissão da Socicam na administração da rodoviária da cidade. Entre os motivos, estão os frequentes problemas de funcionamento das escadas rolantes e elevadores do local, todos temas recentes de reportagens do Correio. O procedimento pode levar a uma multa de até R$ 30 mil e, em um caso extremo, em rompimento justificado do contrato de concessão. O processo ocorre no momento em que o consórcio formado para gerir a rodoviária pede revisão contratual para aumentar o valor que recebe do Município. O montante seria um reequilíbrio de contas, já que o grupo teria gasto mais para construir um terminal maior do que estava previsto em contrato, assinado no primeiro governo do ex-prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT).Ontem, a escada rolante que dá acesso às plataformas de embarque da rodoviária continuava sem funcionar. Na segunda-feira (18), a Socicam havia informado que a paralisação era temporária “e decorrente de uma manutenção preventiva que já estava programada”. A mesma escada ficou quebrada por pelo menos duas semanas em abril. O secretário de Transportes de Campinas, Carlos José Barreiro, afirmou que esses problemas tiveram “aumento excessivo”. “A incidência é muito grande e nós chegamos no limite. A rodoviária tem problemas repetidos nos elevadores e escadas rolantes”, disse. Barreiro afirmou que técnicos da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), subordinada à secretaria, constataram as falhas na gestão em uma série de diligências.Alguns procedimentos foram adotados, como a troca da empresa que faz a manutenção dos equipamentos, mas a mudança não diminui a frequência da interrupção do funcionamento. Segundo Barreiro, em outras questões, como goteiras no teto e vazamentos nos banheiros, a resposta da Socicam foi mais rápida. “E é obrigação da empresa resolver rápido deficiências na estrutura. Mas em relação à escada rolante, a Socicam não consegue resolver de forma satisfatória.”A empresa terá prazo de cinco dias para apresentar uma defesa ao processo administrativo, depois de notificada oficialmente pela Prefeitura A resposta será analisada pela Emdec, que dará um parecer à Secretaria de Assuntos Jurídicos. É essa pasta que irá decidir sobre a multa. O resultado sai dez dias depois da apresentação da defesa da Socicam.Barreiro confirmou que a Socicam espera resposta da Prefeitura em relação a um reajuste no valor do convênio. “É uma demanda antiga da Socicam, mas ainda não temos posicionamento sobre o assunto”, disse. O secretário também não informou de quanto foi o pedido de reajuste. A Socicam acabou gastando mais na construção do terminal após Hélio pedir diversas alterações no projeto. EmpresaEm nota oficial, a Socicam se defendeu dizendo que a operação de um empreendimento de grande porte como o Terminal de Campinas é "complexa". "E nem por isso deixamos de buscar os melhores processos, equipamentos, serviços e fornecedores para garantir o seu perfeito funcionamento", diz o texto.A Socicam informou ainda que apresentará documentos para comprovar o suposto esforço da empresa para garantir a operação da rodoviária. A empresa disse novamente que fechou contrato com nova empresa para fazer a manutenção de elevadores e escadas rolantes da unidade. "Para minimizarmos os transtornos, exigimos no novo contrato que prazos e processos sejam rigorosamente cumpridos, não permitindo qualquer exceção" .A empresa disse que oferece acessos alternativos aos usuários quando a escada rolante está com problemas, como o elevador e as rampas de acesso junto ao ponto de táxi.Terminais Inaugurado em 2008, o Terminal Multimodal Ramos de Azevedo passou a apresentar problemas estruturais pouco tempo depois de passar a operar em Campinas. A concessionária do terminal é formada pelas empresas Equipav e Sociam. A obra custou R$ 30 milhões. A Socicam administra também a Rodoviária do Tiête, em São Paulo. O local nos últimos tempos tem apresentado falhas semelhantes às registradas em Campinas. A empresa também é responsável pelos serviços em terminais rodoviários no Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe.