Em meio às reivindicações pela melhora no sistema de transporte público em todo o Brasil, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), quer se antecipar para propor projetos ao governo federal diante do anúncio da liberação de R$ 50 bilhões para a mobilidade urbana. O prefeito afirmou que não descarta apresentar uma proposta de metrô para a cidade. Nos últimos anos, a discussão sobre a evolução do sistema do transporte coletivo teve o foco nos corredores do Campo Grande e Ouro Verde e no projeto do Veículo Leve sob Trilhos, uma espécie de trem de superfície. Até agora, a única solução consolidada foi a dos corredores, que já têm até recursos da ordem de R$ 350 milhões liberados para a sua construção.
Segundo o presidente da Empresa de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Sérgio Benassi, o momento é de “retirar das gavetas” as propostas para o transporte em Campinas, entre elas a do metrô. “A cidade é cortada por cinco ferrovias desmontadas. Temos de pensar em um plano ferroviário. Seria um luxo desconsiderar o metrô. Campinas é uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes projetada para carros. Temos sérios gargalos no trânsito e precisamos priorizar o transporte coletivo de massa.”
Propostas
Benassi defende que Campinas prepare um pacote de medidas para o transporte público que inclua as malhas ferroviária e rodoviária. Segundo ele, a estratégia de priorizar carros gerou atrasos. “A escala de investimentos é gigantesca. Não tem instrumentos, tecnologia. A cidade também tem a sua dificuldade orçamentária. O que nós precisamos entender agora é a demanda das ruas. Precisamos enfrentar o problema. Para isso, o BRT é fundamental. O VLT é um modelo e precisamos nos preparar para o metrô. É difícil imaginar uma solução para o transporte em Campinas sem pensar no metrô”, disse.
Depois do anúncio de que a verba para a mobilidade urbana será liberada pelo governo federal, Benassi afirmou que analisa vários projetos. Entre eles, ampliação do monitoramento do tráfego, gerenciamento e planejamento dos custos do transporte público, uma proposta para novos corredores e a utilização das linhas férreas — que inclui o metrô. “Campinas tem uma vantagem por ter o traçado nas mãos, o que reduz custo de implantação. O que precisamos agora é definir ajustes de traçados para poder consolidar um futuro projeto”, disse.
Corredores
Apesar da proposta do metrô, que depende de um projeto e é vista como solução a médio e longo prazo, as primeiras mudanças no transporte em Campinas serão os corredores do BRT (Bus Rapid Transit), no Campo Grande e no Ouro Verde. O governo Jonas quer ampliar as ligações com o Centro — para Benassi, existem outros eixos estruturantes que precisam se transformar em corredores, como ligação de Sousas, Barão Geraldo, Amarais e Valinhos com o Centro. “Um exemplo hoje do que é inadmissível é a única ligação com a região do Aeroporto de Viracopos ser uma rodovia. Precisamos de um corredor para isso.”
Há também no Executivo o temor de que os recursos destinados para construção dos dois primeiros corredores não sejam suficientes para o projeto. “Teremos a dimensão do valor assim que o projeto ficar ponto. Vamos lançar novamente o edital na próxima semana”, afirmou Benassi. Caso haja previsão de um gasto maior, Jonas quer que a diferença seja incluída na futura verba distribuída pela presidente Dilma Roussef (PT). A licitação para a contratação da empresa que fará o projeto dos corredores fracassou este mês. O governo corre contra o tempo porque precisa apresentar a proposta até outubro.