O final de semana foi muito ruim para a arbitragem brasileira, com erros e mais erros que afetaram resultados de jogos decisivos. No caso que interessa diretamente ao futebol de Campinas, o bandeirinha Vicente Romano Neto errou ao anular um gol de Renato Cajá no jogo Corinthians 1 x 0 Ponte Preta. A partida estava empatada e a Macaca, superior durante toda a primeira etapa, poderia ter saído de Itaquera como semifinalista do Paulistão. Não é a primeira vez que algo parecido acontece e, por isso, entre os torcedores, o sentimento é de que o campeonato sempre é armado para os grandes e que os árbitros estão permanentemente a serviço deles, da federação, da TV e de qualquer outra instituição poderosa que possa ter algum tipo de interesse na eliminação mais prematura possível dos times do Interior. Na verdade, existem argumentos aos montes que derrubam essa teoria da conspiração. Um deles é o Paulistão de 2014, no qual o Corinthians, campeão de audiência, não passou sequer da primeira fase. E o campeão foi o Ituano. Nos últimos 12 anos, Paulista, São Caetano, Ponte Preta, Santo André e Guarani foram finalistas do Paulistão. Isso não aconteceria com essa frequência se existisse um esquema para que todas as semifinais fossem como a de 2015, com Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras. Semis assim são raras. Nos mesmos 12 anos, apenas duas vezes os quatro primeiros ocuparam as quatro primeiras posições. E isso é absolutamente normal, já que cada um deles recebeu esse ano R$ 14,2 milhões da TV. Os demais receberam R$ 2,7 milhões. Outra evidência recente foi o jogo Palmeiras x Botafogo. A arbitragem cometeu três erros graves, todos em benefício do time de Ribeirão Preto. Eu vejo duas soluções eficazes para amenizar o problema. A primeira é acabar com os sorteios nas fases decisivas. Jogos importantes devem ser apitados pelos melhores árbitros. Eles não são infalíveis, mas são mais experientes e melhores. Vão errar menos. Mas o que pode ajudar muito mesmo é a adoção de recursos eletrônicos. A desculpa de que isso pode “tirar a graça” e “acabar com as discussões” no futebol é ridícula. Ligas como NHL, NFL e NBA permitem a consulta a imagens da TV em lances duvidosos. E são ligas que fazem mais sucesso a cada ano. O que tira a graça do futebol é o torcedor ver seu time perder um jogo importante por um erro que poderia ser detectado. Se cada técnico tiver o direito de solicitar a revisão de um lance por tempo, o futebol vai melhorar muito. Não acho que Romano quis deliberadamente prejudicar a Ponte. O lance é rápido, Cajá entra na área em velocidade e está centímetros atrás da linha da bola na hora da finalização. É difícil ver tudo isso e decidir em segundos, embora essa seja a função do bandeirinha. Mas na TV, com a imagem congelada, é muito fácil detectar o erro. E um erro que poderia ser corrigido. O futebol será melhor e mais justo no dia em que, finalmente, passar a usufruir de tudo o que a tecnologia pode lhe oferecer.