JUSTIÇA

Parentes das vítimas da Gol pedem punição nos EUA

O acidente aconteceu em 2006, quando um Boeing, da Gol, se chocou com o jato Legacy, da ExcelAire

Agência Brasil
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05/03/2013 às 21:52.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:57

Parentes das vítimas do acidente com o voo 1907, da empresa aérea Gol, pedem que o governo brasileiro cobre das autoridades dos Estados Unidos uma punição administrativa para os pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino. Os dois são, respectivamente, piloto e copiloto do jato executivo que, em 29 de setembro de 2006, se chocou com o Boeing 737-800, usado pela Gol, na rota Manaus (AM) - Brasília (DF).

O objetivo da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907 é impedir que Lepore e Paladino continuem voando enquanto o processo criminal que os dois respondem no Brasil não for encerrado. Segundo a entidade, Paladino hoje trabalha na companhia American Airlines, enquanto Lepore segue trabalhando na ExcelAire, empresa de táxi aéreo que pertencia o jato Legacy que se chocou contra o Boeing da Gol.

Segundo a diretora da associação, Rosane Gutjhar, o fato de os dois norte-americanos continuarem pilotando aviões após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região tê-los condenado a três anos, um mês e dez dias em regime aberto é um desrespeito a acordos assinados pelos Estados Unidos, como, por exemplo, a Convenção Sobre Aviação Civil Internacional, também conhecida como Convenção de Chicago, estabelecida pela Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci).

“De que adianta haver acordos se os Estados Unidos não os cumprem por se sentirem superiores? Precisamos que o Itamaraty cobre dos Estados Unidos o respeito aos acordos, cobrando medidas práticas”, declarou Rosane à Agência Brasil, logo após se reunir com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, da Presidência da República, Maria do Rosário, a quem foi pedir o apoio político à luta da associação.

Com base no relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que apontou que os pilotos norte-americanos estavam com o transponder (equipamento que informa aos controladores de voo a posição exata da aeronave) desligado no instante do acidente e também considerando as sanções administrativas já impostas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a Lepore e Paladino, a associação cobra que ao menos os brevês (licenças para voar) dos dois sejam cancelados. Mas segundo Rosane, as autoridades aeronáuticas norte-americanas e nem as empresas aéreas contratantes de Lepore e de Paladino responderam aos últimos ofícios e pedidos de providências da associação.

Em 2010, a Agência Brasil acompanhou a tentativa de representantes da associação de entregar aos responsáveis pelo escritório da American Airlines em São Paulo um estojo contendo duas réplicas das caixas-pretas dos dois aviões envolvidos no acidente. Cada réplica continha um pen drive com o áudio das conversas gravadas nas cabines do Boeing e do Legacy que, segundo a associação, comprovariam os erros e as falhas de Lepore e de Paladino, além dos momentos de agonia vividos pelos pilotos do voo da Gol. A presidenta da entidade, Angelita de Marchi, sua cunhada, Luciana Siqueira, e o advogado da entidade, Dante D'Aquino, não foram recebidos e tiveram que deixar o estojo na portaria do edifício, com um segurança.

“Então eles vêm ao Brasil, matam 154 pessoas por imperícia e negligência, voltam para os Estados Unidos, dizem que nosso país é terra de índio, continuam a pilotar e o governo brasileiro vai deixar por isso mesmo?”, questiona Rosane.

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