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Pais protestam contra sorteio de alunos em Campinas

Déficit de profissionais levou à implantação da medida que define quem pode ficar em tempo integral

Patrícia Azevedo
patricia.azevedo@rac.com.br
14/03/2013 às 09:04.
Atualizado em 26/04/2022 às 00:46
Waldemir e as filhas Franciele e Graziele: rampa de acesso à escola construída pelos próprios moradores (Rodrigo Zanotto/ AAN)

Waldemir e as filhas Franciele e Graziele: rampa de acesso à escola construída pelos próprios moradores (Rodrigo Zanotto/ AAN)

Os pais de alunos do Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Sylvia Miranda da Cruz Paschoal, na Vila Palmeiras, em Campinas, fizeram um protesto na quarta-feira (13) contra a falta de professores e monitores no local.

O déficit de profissionais na unidade levou a direção a implantar sorteios para definir quais crianças poderiam permanecer em tempo integral na escola.

Eles tiveram uma reunião com o diretor da unidade às 7h de ontem e foram informados de que faltam 11 monitores.

Pelo segundo dia consecutivo, os pais tiveram que ir buscar os filhos mais cedo porque um dos funcionários faltou.

“Esse problema vem acontecendo desde o ano passado, mas piorou este ano. Quase todo dia sou chamado para vir buscar meu filho. Muitas mães já perderam o emprego por causa desse problema”, reclama o autônomo Ronaldo da Silva Santos.

O protesto dos pais ocorreu no dia em que o Correio publicou uma reportagem denunciando a realização do sorteio.

A prática foi condenada pela Secretaria de Educação, que informou que iria apurar responsabilidades pelo ocorrido. “Hoje (ontem) de manhã o diretor nos chamou para uma reunião e reclamou porque chamamos a reportagem. Disse que nós passamos informações equivocadas. Mas tanto não é mentira que hoje mesmo tivemos que buscar as crianças porque faltou monitor”, disse a faxineira Cíntia Gonçalves.

A universitária Vivian Cristina Godoi conta que participou da reunião e ficou revoltada. “Ele reclamou que procuramos a imprensa, mas estamos tentando resolver a situação desde o início do ano letivo e nada melhora”, disse.

A Secretaria de Educação informou na quarta, por meio de assessoria de imprensa, que quatro funcionários aprovados em concurso devem ser enviados para a escola, mas não deu prazo para que isso ocorra. As contratações seguem um trâmite burocrático e a posse dos aprovados pode demorar até 40 dias.

“Isso não resolve nossos problemas, precisamos de mais monitores para que os pais possam trabalhar tranquilos”, afirma Simone Barbosa Dias. Os pais contam que a estrutura da escola é boa e que os funcionários atendem bem.

“Nosso problema é com o descaso da Secretaria de Educação, que não envia professores”, afirma Ronaldo Santos.

A secretaria também informou que a dispensa ocorrida ontem se deveu à falta de um monitor, o que agravou ainda mais a falta de funcionários. A secretaria contradisse a informação prestada pelo diretor da unidade de que o déficit na unidade era de 11 monitores. Segundo a pasta, faltam quatro monitores.

Acessibilidade

Os moradores reclamam também da dificuldade em transitar com as crianças pela Rua José Lopes Serra, que não é asfaltada.

“Não fizeram nenhuma rampa ou outra construção para acessibilidade. Eu tenho que tomar muito cuidado quando venho trazer minha filha aqui. É muito difícil, especialmente em dias de chuva”, relata Valdemir dos Santos, pai das gêmeas Franciele e Graziele.

O presidente da associação dos moradores José Aparecido Santos conta que os próprios moradores construíram rampas improvisadas.

“Elas já começam a ruir e as mães têm muita dificuldade para vir buscar os bebês”, afirma. A secretaria de Serviços Públicos avisou que não há previsão para a rua receber asfalto.

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