editorial

Um basta à desordem dos cabos soltos

Do Correio Popular
15/06/2022 às 20:38.
Atualizado em 16/06/2022 às 08:45
O emaranhado de fios e cabos de telefonia soltos e abandonados nos postes de energia elétrica coloca em risco a segurança das pessoas nas ruas (Divulgação)

O emaranhado de fios e cabos de telefonia soltos e abandonados nos postes de energia elétrica coloca em risco a segurança das pessoas nas ruas (Divulgação)

Desde a privatização da telefonia no Brasil, ocorrida há 25 anos, a percepção geral do consumidor sobre a qualidade dos serviços prestados pelas operadoras é bastante insatisfatória, para não dizer a pior possível. Campeãs em número de reclamações de usuários nos juizados de pequenas causas e órgãos de defesa do consumidor, as companhias de telecomunicações são prodigiosas em ofertar planos de celular, telefone fixo, internet rápida e tv a cabo, porém, paquidermes em devolver aos clientes o equivalente em prestação de serviços justa e adequada aos valores cobrados nas faturas.

Não bastasse isso, o emaranhado de fios e cabos de telefonia soltos e abandonados nos postes de energia elétrica - uma cena caótica bastante comum nas grandes cidades brasileiras - coloca em risco a segurança das pessoas nas ruas.

Em Campinas, os moradores também padecem com esse problema, tanto que a Prefeitura emite uma média diária de sete notificações para a CPFL Paulista alinhar e remover os fios e cabos inutilizados. As ordens são emitidas com base em uma lei municipal, aprovada em outubro do ano passado, que obriga a empresa a recolher o material solto, de modo a evitar que ele coloque em risco a segurança de veículos e pessoas. Em Americana, um fio solto em uma avenida provocou a morte de uma motociclista que trafegava pelo local em abril deste ano. Após enroscar o pescoço no cabo atravessado na via, ela caiu da sua moto e, ato contínuo, foi atropelada por outro veículo, morrendo em seguida. Um típico acidente que poderia ter sido evitado, caso as prestadoras de serviço envolvidas nesta atividade fossem mais assertivas e responsáveis, recolhendo o material disperso e limpando os postes.

A ausência de regras federais mais claras contribui para a perpetuação desse desleixo nas ruas e avenidas das grandes e médias cidades, o que, além de gerar poluição visual, constitui uma armadilha a motoristas e pedestres. Desde o início do ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) discutem uma proposta para tentar regularizar, em dez anos, 24% dos postes de energia em todo o país. A proposta é a de obrigar as empresas de telecomunicações e suas terceirizadas a bancarem os custos da limpeza dos fios e cabos soltos, dado que elas são, objetivamente, as responsáveis por esse descalabro, subsidiariamente às companhias de energia elétrica, proprietárias dos postes. É preciso colocar um fim nesta desordem.

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