(REUTERS/Nacho Doce/Direitos Reservados/Agência Brasil)
A produção industrial brasileira recuou -0,5% em abril de 2024 em relação a março, interrompendo dois meses consecutivos de alta e eliminando parte do ganho acumulado de 1,0% registrado nos meses anteriores. Este dado é uma ilustração persistente do atual estágio da indústria nacional, especialmente no contexto de discussões sobre a desindustrialização e esforços para reverter esse processo, fortalecendo o setor industrial.
Desindustrialização
A desindustrialização é um fenômeno preocupante que afeta a economia brasileira há décadas. Trata-se do processo de redução da participação da indústria no PIB e no emprego, sendo substituída pelos setores de serviços e agropecuário. Essa mudança estrutural pode levar a uma série de consequências negativas, incluindo a perda de empregos bem remunerados, redução da capacidade de inovação e menor crescimento econômico no longo prazo.
a frase
“Você não pode criar experiência. Você deve passar por ela".
Albert Camus, escritor francês
Números
Apesar da queda mensal, a produção industrial apresentou uma expansão de 8,4% em relação a abril de 2023. Este crescimento é significativo, pois indica uma recuperação após um recuo de 2,8% em março, quando houve uma interrupção de sete meses consecutivos de resultados positivos. No acumulado dos primeiros quatro meses de 2024, o setor industrial cresceu 3,5%, enquanto no acumulado dos últimos doze meses, o avanço foi de 1,5%.
Bens Duráveis
Em abril de 2024, apenas os bens intermediários apresentaram uma taxa de variação negativa (-1,2%). Os bens de consumo duráveis e bens de capital mostraram taxas positivas elevadas de 5,6% e 3,5%, respectivamente, eliminando as quedas registradas no mês anterior. O crescimento nos bens de consumo duráveis, que incluem itens como automóveis e eletrodomésticos, indica aumento na demanda desses produtos, refletindo uma recuperação do consumo interno.
Atividades
Entre as atividades industriais, destaca-se a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, com impressionante crescimento de 13,2% em abril de 2024. Este setor, muito importante para a economia brasileira, frequentemente atua como um termômetro para a saúde da indústria como um todo. Além disso, outros ramos como produtos farmoquímicos e farmacêuticos (10,8%) e máquinas e equipamentos (5,1%) também mostraram desempenhos robustos.
Produção
No entanto, é importante ressaltar que, apesar desses avanços, a produção industrial ainda se encontra 0,1% abaixo do patamar pré-pandemia (de fevereiro de 2020) e 16,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Isso mostra os desafios persistentes que o setor enfrenta, incluindo questões estruturais, falta de investimentos e a necessidade de políticas econômicas eficazes para promover a competitividade industrial.
Reindustrialização
A reversão do processo de desindustrialização passa por um conjunto de fatores. É fundamental aumentar a produtividade através de reformas estruturantes, absorção de tecnologia e investimentos em educação. Políticas de incentivo, como a depreciação acelerada de equipamentos, podem estimular a modernização do parque industrial. Além disso, é preciso garantir um ambiente de negócios favorável, com estabilidade macroeconômica e segurança jurídica.
Indústria
Os dados mostram que a indústria brasileira tem potencial para recuperação, mas a trajetória é lenta e exige um esforço contínuo. A presença de um setor industrial forte gera empregos de qualidade, impulsiona o desenvolvimento tecnológico e a inovação, que são elementos essenciais para um crescimento econômico sustentável. Em muitos contextos, país industrializado é sinônimo de país desenvolvido.
Crescimento
O crescimento em setores como veículos automotores e bens de capital é promissor, mas é necessário um esforço contínuo de reformas e investimentos estratégicos. Só assim será possível garantir que a indústria brasileira retome seu papel central no desenvolvimento econômico do país, gerando empregos, inovação e progresso.