XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Perspectivas

Estéfano Barioni
18/10/2022 às 09:58.
Atualizado em 18/10/2022 às 09:58
Ucrânia e Rússia (France Press)

Ucrânia e Rússia (France Press)

Com a primeira quinzena do último trimestre do ano se encerrando, os rumos da economia seguem incertos, especialmente em relação à continuidade de alguns eventos que estão produzindo consequências relevantes, como é o caso da guerra na Ucrânia. No entanto, embora seja difícil prever o futuro como um todo, se analisarmos alguns itens 

Juros

Os principais bancos centrais do mundo (incluindo Estados Unidos, Europa e Reino Unido) devem seguir no processo de aperto monetário, elevando suas taxas de juros. No mês passado, tanto o banco central dos Estados Unidos como o Banco Central Europeu aumentaram suas taxas de juros em 0,75 ponto percentual. Pode parecer pouco, mas no caso europeu foi o maior aumento de taxa de juros da história.

FRASE

"As finanças são uma arma. A política é saber quando apertar o gatilho."

Mario Puzo, escritor ítalo-americano

Juros 2
As taxas de juros dos Estados Unidos estão atualmente em 3,25% ao ano e devem ultrapassar o patamar de 4,00% ao ano em 2023. Na Europa os juros estão em 1,50% ao ano e devem ser elevados mais duas vezes até o fim do ano para combater a inflação, que é recorde no continente, mesmo com cenários de um provável encolhimento da economia em 2023. Nos principais cenários projetados para a economia europeia verifica-se retração do PIB, que pode chegar até a -3%.

Inflação
A inflação continua elevada na maior parte do mundo e por isso os bancos centrais estão subindo os juros. A ideia é diminuir a liquidez da economia e segurar a alta dos preços. Nos Estados Unidos, o índice de inflação ao consumidor está em 8,2% ao ano (depois de ter atingido 9,1% ao ano em julho). Na Europa, o índice de inflação ao consumidor está em 10,0% ao ano e os preços ao produtor também seguem muito pressionados devido ao aumento no custo da energia. 

Brasil
No Brasil a inflação tem recuado, especialmente devido à queda no preço dos combustíveis, reflexo da redução do petróleo e da retirada de impostos. O IPCA recuou para 7,17% ao ano e deve terminar o ano por volta de 5,7%. Ao contrário das economias desenvolvidas, o Brasil está com juros reais positivos (ou seja, taxa de juros mais alta do que a inflação). A taxa Selic, que representa os juros básicos da economia brasileira, está ao nível de 13,75% ao ano. 

Selic
Até o fim do ano, é possível que a taxa Selic seja elevada um pouco mais, de maneira residual, chegando aos 14% ao ano. Esse aumento seria para compensar a alta dos juros nas economias centrais, mantendo um diferencial de juros positivo, o que serviria para evitar a fuga de capitais atraídos pelos juros elevados no exterior. A próxima decisão de juros do COPOM acontece na próxima semana, no dia 26 de outubro. 

Energia
Os preços internacionais dos produtos energéticos estão todos elevados. Embora o preço do petróleo tenha recuado dos US$ 120 de meados de junho para os atuais US$ 92/barril, os preços do gás natural estão perto das máximas históricas, devido às restrições em relação ao fornecimento do gás russo. Até o preço do carvão tem batido recordes por conta da alta procura para substituir a energia gerada pelo gás natural. 

Alimentos
Na média mundial, os preços dos alimentos estão cerca de 40% mais caros do que estavam há 7 anos. Alguns itens chegaram a aumentos superiores a esse patamar. Enquanto os preços de algumas commodities recuaram no último mês (caso do alumínio e do cobre, por exemplo), as principais commodities agrícolas tiveram aumentos em geral. 

Futuro
Com grande volatilidade nos preços da energia, preços dos alimentos em alta e pressões sobre a estabilidade cambial, o Brasil tem um caminho sinuoso para manter a economia em crescimento, reduzir ainda mais o desemprego e ao mesmo tempo manter os preços internos em queda. O crescimento será fundamental, não apenas para gerar renda e desenvolvimento, mas também para ajudar a acomodar a delicada situação fiscal do governo. 

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