Atualmente, a taxa de fecundidade total no Brasil está em 1,6 filho por mulher, índice abaixo da taxa de reposição, que é de 2,1 filhos (Cedoc)
Inegavelmente, houve um avanço nas políticas de proteção à criança nas últimas décadas. No âmbito nacional, o país experimentou um grande progresso nessa área com o lançamento do Estatuto da Criança e do Adolescente. Contudo, na outra extremidade da trajetória da vida surge um novo desafio - a expansão da população idosa no Brasil e no mundo, com todas as suas naturais consequências, como a questão previdenciária, doenças cardiovasculares, diabete, catarata, Alzheimer, hipertensão arterial, depressão, osteoporose e Mal de Parkinson. No dia 15 de novembro, segundo a ONU, a Terra alçará a marca histórica de 8 bilhões de habitantes. O anúncio do épico placar demográfico vem intensificando os debates em torno da sustentabilidade global.
Com uma projeção ultrapassando 10 bilhões em 2100 em todo o planeta e 250 milhões no país, engana-se quem pensa que esse crescimento demográfico decorre somente pelo nascimento de pessoas. O que de fato está acontecendo é que, conforme a ONU, estamos vivendo mais. Há 60 anos, uma pessoa de meia-idade já era considerada idosa. Hoje, essa realidade é bem diferente, pois a expectativa de vida vem subindo ano a ano, graças aos progressos na medicina, ao desenvolvimento de novos medicamentos e tratamento clínicos, sem falar na melhoria das condições sanitárias. Malgrado os problemas que ainda persistem, é inegável que evoluímos consideravelmente nesse campo. Como comparar a péssima infraestrutura sanitária de Campinas na época da epidemia da febreamarela, que quase dizimou a cidade no final do século XIX, com a cidade moderna, que se orgulha de ter quase 100% de esgoto tratado e água potável da Sanasa.
Por outro lado, a taxa de fecundidade vem caindo no mundo. Em 2021, cada mulher dava à luz em média 2,3 bebês, em comparação com cinco em 1950. A estimativa é a de que esse índice recue progressivamente, atingindo 2,1 até 2050. Outra prova de que o aumento ocorre pelo fator da longevidade e não da natalidade, é que, a partir de 2100, haverá uma estabilidade demográfica, quando então terá início um processo de declínio natural, com drástica redução provocada por calamidades globais, pandemias, guerras, entre outros fatores.
Diante disso, foi dado o alerta para que os governos adaptem os seus programas de aposentadoria e saúde pública a fim de lidar com esse novo cenário de expansão da população idosa. Isso significa que, em breve, além de creches, precisaremos investir também em asilos públicos.