COMPORTAMENTO

Mentira na infância é normal?

Quando as histórias inventadas pelas crianças começam a se transformar em problemas que requerem atenção

Aline Guevara
22/06/2023 às 15:08.
Atualizado em 22/06/2023 às 15:08
É preciso analisar a intenção e a frequência das histórias fantasiosas contadas pelas crianças para determinar a gravidade delas (Freepik)

É preciso analisar a intenção e a frequência das histórias fantasiosas contadas pelas crianças para determinar a gravidade delas (Freepik)

Não podemos afirmar que as mentiras fazem parte necessariamente do desenvolvimento de uma criança, afinal não existem regras claras e definições quando estamos falando de comportamento humano. No entanto, a psicóloga e pedagoga Rita Khater explica que elas podem, sim, ser um elemento comum neste período da vida e estar dentro do padrão da normalidade, tendendo a desaparecer com o tempo. Mas aos pais e responsáveis é preciso atenção ao perceber as invenções infantis para que elas não se configurem em um problema. 

“É preciso avaliar o propósito da mentira. A criança pode dizer que foi à praia sem ter ido, mas também pode dizer que está com dor de barriga para não ir para a escola”, analisa Rita, evidenciando que as consequências dos dois tipos de mentiras têm objetivos e repercussões diferentes. A partir de quatro ou cinco anos, a imaginação da criança se desenvolve e ela pode começar a elaborar melhor as suas histórias. “Ela pode dizer que foi para o mundo de Frozen, e que lá tinha muito gelo. Essa é uma mentira até saudável, pois a criança está construindo uma história a partir do repertório que ela tem”.

Imaginação e manipulação ​

Também é neste período que a criança pode começar a ter mais consciência sobre os possíveis ganhos da narrativa inventada. “Se a mentira for recorrente, se ela for um recurso usado para a criança fugir de determinadas situações ou caso tenha ganhos com essa mentira, começam problemas sérios”. Imagine uma situação: o menino chega da escola dizendo que uma colega bateu nele. Sem contestar, os pais ficam revoltados, a avó quer conversar com a professora, ele ganha mimos como doces e todos dão mais atenção ao pequeno. “A criança consegue lidar com a mentira chegando a ser gratificada com ela. Portanto, a forma como os adultos em volta lidam com a mentira pode fazer com que ela fique recorrente ou não”.

Lidando com a mentira

Seja diante da mentira manipuladora ou mesmo da fantasiosa, a psicóloga não recomenda que os adultos incentivem a história. “Se os pais compram roupa da personagem Elsa, ficam incentivando a criança por dias a estar no mundo de Frozen, ela pode simplesmente se deslocar para o mundo da fantasia. Isso também é ruim”. O mais adequado, nestes casos, é deixar a criança curtir a brincadeira por um momento e deixar a fantasia de lado depois, sem reforçar isso com frequência.

Identificada a mentira, analisa-se a sua gravidade e frequência. Em um grau moderado, conversas francas entre pais e filhos, para entender os motivos que os levam a mentir podem ser o suficiente. “E sempre que a criança contar uma história verdadeira, devemos dar uma grande atenção a ela”, reforça Rita, desaconselhando castigos, indicando reforços positivos. Já em casos mais graves, profissionais da área de psicologia infantil serão fundamentais para ajudar.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo Correio PopularLogotipo Correio Popular
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por