XEQUE-MATE ECONOMIA

Inflação de fevereiro

Esféfano Barioni
15/03/2023 às 09:55.
Atualizado em 15/03/2023 às 09:55
Inflação (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

Inflação (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

A inflação de fevereiro foi divulgada na sexta-feira passada, pelo IBGE, e a variação registrada pelo IPCA foi acima do esperado, com alta de 0,84% em relação ao mês de janeiro. Trata-se da maior variação mensal desde abril do ano passado, quando o índice teve alta de +1,06%. No entanto, mesmo com a aceleração na medição mês a mês, no acumulado dos últimos 12 meses o IPCA recuou para 5,60% ao ano, enquanto em janeiro o acumulado estava em 5,77% ao ano. 

Educação

Apesar do recuo no acumulado, esperava-se uma queda ainda maior e isso acabou frustrando o mercado. Sabia-se que o IPCA de fevereiro viria mais alto do que o de janeiro (+0,53%) por conta dos reajustes das mensalidades escolares, que sempre acontecem no começo do ano letivo e acabam impactando a inflação de fevereiro. Mas a conta veio um pouco mais salgada do que o esperado. 

FRASE

"A inflação é um imposto regressivo que prejudica mais os mais pobres"

Celso Furtado, economista brasileiro

Altas

No mês de fevereiro, foi registrado aumento de preços em oito dos nove grupos de produtos e serviços que formam o IPCA. O único grupo que registrou redução de preços foi o de Vestuário (com variação de -0,24%). Todos os demais grupos tiveram aumentos, que ficaram entre +0,11% até uma alta de +6,28%, no caso do grupo de Educação. Sabia-se que o grupo Educação puxaria o índice para cima, mas outros grupos também tiveram altas relevantes.

Mensalidades

A grande alta nos custos de Educação (+6,28%) foram decorrência dos reajustes das mensalidades dos cursos regulares, que subiram em média +7,58% no mês. Entre as altas, o custo do ensino médio teve elevação de +10,28%, o ensino fundamental teve aumento de +10,06%, a pré-escola subiu +9,58% e a creche teve alta de +7,20%. Também tiveram altas o ensino superior (+5,22%), os cursos técnicos (+4,11%) e a pós-graduação (+3,44%). 

Saúde

A segunda maior fonte de alta no IPCA veio do grupo Saúde e Cuidados Pessoais, que teve elevação de +1,26%, com aumento expressivo de alguns itens de higiene pessoal e produtos para pele. Os planos de saúde registraram novos aumentos (+1,20%), continuando a incorporar as frações mensais referentes ao ciclo 2022/23 dos planos novos e antigos. 

Habitação

O grupo de Habitação também teve alta significativa (de +0,82%) e a principal fonte de elevação veio da energia elétrica residencial, que teve aumento médio de +1,37%. Grande parte desse aumento foi devido à reinclusão das tarifas sobre o uso dos sistemas de transmissão e de distribuição na base de cálculo do ICMS, que ocorreu em algumas cidades. Os preços médios do aluguel residencial também aumentaram e tiveram alta de +0,88% na média. 

Alimentos

O grupo de Alimentos e Bebidas teve uma leva alta (aumento de +0,16%), com variações mistas entre os itens que fazem parte deste grupo. Enquanto houve queda expressiva na batata-inglesa (-11,57%), no tomate (-9,81%) e nos preços das carnes (-1,22%), outros itens tiveram aumentos, como o leite longa vida (+4,62%) e a alimentação fora do domicílio (+0,50%). 

Pontual

Os grupos Saúde e Educação, sozinhos, foram responsáveis por mais da metade da variação total do IPCA. O reajuste das mensalidades escolares impactou fortemente o resultado da inflação de fevereiro, como acontece em todos os anos. No entanto, historicamente esse impacto fica restrito ao mês de fevereiro e não tende a contaminar os meses seguintes, o que é uma boa notícia. A variação do grupo de Educação é historicamente baixa em março. 

Combustíveis

Por outro lado, em março certamente teremos outra fonte de aumento de preços, que serão os combustíveis. A inflação de março irá capturar o retorno dos impostos federais sobre a gasolina que, mesmo com a redução dos preços da Petrobras para as distribuidoras, deverá seguir impactando os preços do combustível ao consumidor final. A inflação é um inimigo duro de vencer.

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