Inflação

Foi divulgada a inflação do mês de março, medida pelo IPCA, e o valor foi bem maior do que o esperado e maior até do que as piores expectativas. O IPCA de março ficou em 1,62%, um nível mais elevado do que a inflação de fevereiro, que alcançou 1,01%. Além disso, essa foi a maior inflação registrada pelo IPCA para um mês de março desde 1994, quando o plano Real não tinha sequer sido completamente implantado. 

Inflação 2

Em março do ano passado, a inflação havia ficado em 0,93%. Desse modo, a inflação acumulada em 12 meses acelerou, alcançando 11,3%. Este é o nível mais alto de uma inflação acumulada desde 2003. Da mesma maneira, março também registrou a maior inflação mensal observada desde 2003. Esse forte aumento coloca em dúvidas um possível fim do ciclo de aperto monetário.

A FRASE

“Olhando a parte longa da curva e as expectativas de inflação mais longa, existe um certo consenso de que estamos no caminho certo".

Roberto Campos Neto, presidente do BC

Copom

A princípio, a próxima reunião do Copom, que será realizada nos dias 04 e 05 de maio, poderia marcar a última elevação da taxa básica de juros deste ciclo. A última ata de reunião do Copom indica que no início de maio será realizada a elevação de 1 ponto percentual na taxa de juros. Esperava-se que a Selic elevada ao nível de 12,75% ao ano seria suficiente para fazer a inflação ceder. Mas agora parece que um esforço adicional será necessário. 

Aumentos

Dos nove grupos de bens e serviços que compõem o IPCA, oito apresentaram aumentos de preços. Apenas o grupo de comunicação apresentou recuo, tímido, quase uma estabilidade. Todos os demais grupos apresentaram variações expressivas de preços, com aumentos variando entre 0,15% (gastos com educação) e 3,02% (gastos com transportes). 

Combustíveis

O grupo de transportes foi o que produziu maiores impactos na variação do IPCA. Com alta de 3,02%, o aumento nos gastos com transportes foi produzido especialmente pela alta dos combustíveis. Segundo a pesquisa do IBGE, no mês de março os preços da gasolina subiram 6,95%, o GNV subiu 5,29%, o etanol subiu 3,0% e o óleo diesel teve elevação de 13,65%. 

Combustíveis 2

A alta nos combustíveis registrada em março foi influenciada pelo reajuste realizado pela Petrobras, no dia 11 de março, quando a empresa aumentou o preço da gasolina e do óleo diesel vendido para as distribuidoras. E os impactos desses reajustes podem influenciar ainda os preços dos combustíveis no IPCA do mês de abril, caso nada de novo aconteça neste mercado. 

Alimentos

O grupo de Alimentos e Bebidas apresentou aumento de 2,42% em março. Os itens de maior destaque foram o tomate, cujo aumento foi de 27,2% no mês, o leite longa vida, com alta de 9,3%, e o pão francês, com alta de 3% em março. O aumento nos preços do pão francês deve prosseguir ainda, acompanhando a alta internacional do trigo por conta da guerra na Ucrânia. 

Expectativas

Com o resultado do IPCA, as projeções para a inflação ao final do ano subiram. Agora estima-se que a inflação feche o ano ao nível de 7,5%, bem acima do teto da meta para inflação, que é de 5%. Além disso, a expectativa para o nível da taxa de juros também aumentou. Com a inflação mais alta do que o esperado, estima-se que a taxa Selic tenha que ser elevada ainda mais e termine o ano ao nível de 13,75%. 

Aperto Monetário

Com isso, seriam necessários mais dois aumentos, de 1 ponto percentual cada, para completar o ciclo de aperto monetário. O primeiro seria na próxima reunião do Copom, a acontecer no começo de maio. O segundo aumento aconteceria em meados de junho, mas este teria reflexos apenas na inflação de 2023, dada a inércia dos efeitos monetários na economia.

Greve no BC

No entanto, a consolidação das expectativas do mercado tem ficado prejudicada pela greve dos funcionários do Banco Central. Há mais de uma semana, o BC não publica os relatórios de expectativa de mercado além de outras atividades que foram paralisadas. Os servidores do BC pedem reajuste salarial de 26,3%.