(Diego Vara/Agência Brasil)
As inundações ocorridas no Rio Grande do Sul já representam a maior tragédia natural da história recente no Brasil, com perdas substanciais de bens e perdas inestimáveis de vidas. Segundo um estudo realizado por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os efeitos econômicos e sociais dessa catástrofe serão profundos e duradouros, exigindo enormes esforços do governo e da sociedade civil.
Danos
Os pesquisadores da FGV estimam que as medidas de apoio necessárias para a recuperação da região podem atingir até 0,6% do PIB em resultado primário até o final de 2024. Esse valor equivale a aproximadamente R$ 70 bilhões. No entanto, o número pode aumentar e superar os R$ 100 bilhões, dependendo da dimensão final dos danos e da postura do governo.
a frase
“Empatia, humanidade e apoio mútuo são mais importantes do que crescimento.”
Eric Yuan, empresário norte-americano
Gastos
O governo federal anunciou R$ 62 bilhões em transferências diretas, crédito subsidiado, postergação de tributos e investimentos em infraestrutura. Em termos de gastos primários, isso equivale a R$ 12 bilhões (0,1% do PIB), valor que foi considerado pequeno pelos pesquisadores. Para contextualizar a dimensão dos gastos, o estudo utilizou como referência eventos comparáveis tanto no Brasil quanto no exterior.
Paralelo
Um dos exemplos analisados foi o furacão Katrina, que em 2005 causou destruição nos Estados Unidos. A resposta do governo americano envolveu gastos de 1,0% do PIB dos EUA. Outro exemplo relevante é a enchente e os deslizamentos de terra ocorridos na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011. Este evento causou a morte de 867 pessoas e afetou diretamente cerca de 339 mil pessoas, gerando danos materiais de quase R$ 8 bilhões.
Brumadinho
Além dos desastres naturais, o estudo da FGV também menciona a tragédia de Brumadinho, onde o rompimento de uma barragem em 2019 resultou em devastação ambiental e perdas materiais e humanas. A empresa responsável, a Vale, foi obrigada a pagar um montante equivalente a cerca de 0,4% do PIB em reparações e indenizações, em um processo que se estendeu por vários anos e que envolveu transferências de renda, gastos com saúde, saneamento e reconstrução de infraestrutura.
Covid-19
A pandemia de Covid-19 também é citada como um evento extremo que necessitou de respostas governamentais intensas. O governo brasileiro gastou 6,9% do PIB em 2020 para mitigar os efeitos da pandemia, incluindo gastos com auxílio emergencial, apoio a empresas e investimentos em saúde. Embora as características da pandemia sejam diferentes das de uma catástrofe climática, as estratégias de recuperação econômica na forma de auxílios financeiros podem ser aplicáveis.
Impacto
Com base nessas referências, os pesquisadores da FGV projetam que o impacto fiscal das medidas de apoio no Rio Grande do Sul será significativo. No cenário-base, esperase um gasto primário de 0,6% do PIB em 2024, mas esse montante pode variar entre 0,4% e 1,0% do PIB dependendo da intensidade da resposta governamental. Esses gastos, segundo o estudo, terão que ser feitos fora das regras do novo arcabouço fiscal, o que implicará em aumento mais rápido da dívida pública.
Suporte
É óbvio que o governo federal precisará adotar medidas extensas e coordenadas para a recuperação do Rio Grande do Sul, em esforços de reconstrução que poderão se estender por vários anos. A experiência de eventos passados mostra que a resposta inicial é fundamental, mas que também é necessária uma sustentação de longo prazo para garantir uma recuperação plena e duradoura.
Suporte 2
Os impactos econômicos são extensos, afetando a região diretamente atingida e o país como um todo. A tragédia no Rio Grande do Sul é um evento que exige união e suporte financeiro, mas também foco e eficiência na alocação de recursos. Será necessário um processo de coordenação com planejamento e revisões contínuas dos pacotes de auxílio, para garantir que o suporte financeiro chegue onde é de fato necessário.