Pátio Ferroviário de Campinas (Divulgação)
A revitalização da região central de Campinas é uma antiga aspiração da sociedade campineira. Há décadas, o Centro histórico da cidade sofre com a degradação urbana, desvalorização de imóveis, fechamento de atividades comerciais e culturais e deterioração ambiental. Nesse contexto, insere-se o Pátio Ferroviário. Com o abandono dos trens de passageiros e o fechamento das estações, o município herdou um rico patrimônio histórico, que outrora fora motivo de orgulho e desenvolvimento da região. Hoje, porém, nas condições em que se encontra, não passa de um estorvo para a cidade. Com ramais desativados, barracões em decomposição e terrenos baldios tomados pelo mato, sujeira e animais peçonhentos, o pátio é um triste cenário urbano.
Desde o início de seu governo, o prefeito Dário Saadi tem se mostrado disposto a tomar decisões administrativas a fim de resgatar essas áreas degradadas, incluindo o Pátio Ferroviário e todo o seu entorno. Concomitantemente, lançou o plano para reformar a Avenida Campos Sales, importante artéria viária que liga a Estação Cultura, a partir do túnel Joá Penteado, até o Largo do Rosário. Alinhado às orientações descritas no Estatuto das Cidades - que autoriza parcerias com a iniciativa privada como forma de atrair investimentos imobiliários -, o governo municipal apresentou um plano que prevê a exploração do potencial logístico e comercial do Pátio Ferroviário. Nesse sentido, uma parte da gleba seria desmembrada pela União, dona da área, e concedida à iniciativa privada para a construção de empreendimentos comerciais e residenciais. O restante seria usado para a construção de um parque linear, reservando os ramais férreos para o transporte de cargas e o futuro trem de passageiros intercidades, prometido pelo governo do Estado.
Entretanto, a esperança do campineiro de revitalizar o Pátio Ferroviário e o Centro da cidade esvai-se diante de uma possível judicialização daquilo que deveria ser objeto de diálogo em um ambiente administrativo e aberto à sociedade. Com três procedimentos em curso, o resgate do Centro histórico da cidade corre o risco de ser postergado. As intervenções foram provocadas por entidades civis, que cumprem o seu papel de vigilância, porém poderiam contribuir mais se levassem a discussão aos fóruns apropriados, como as comissões que tratam do assunto na esfera municipal. Ao contrário disso, escolheram um caminho eivado de mecanismos paralisantes e protelatórios, que acaba frustrando as expectativas e o interesse público.