A Leões da Vila Padre Anchieta tomou as ruas do distrito de Aparecidinha, assumindo a forma de um vibrante bloco carnavalesco, ao mesmo tempo em que se prepara para seu retorno aos desfiles das escolas de samba (Kamá Ribeiro)
O Carnaval revela sua verdadeira grandiosidade quando investigamos suas origens complexas, permeadas por influências históricas e filosóficas. Há quem associe essa celebração efusiva à festa pagã dos judeus, acrescentando camadas mais profundas ao entendimento desse fenômeno cultural. Suas raízes se estendem às sombras do passado, entrelaçadas com tradições antigas e rituais de fertilidade. A Saturnália romana, período de inversão social e exuberância, é frequentemente evocada como um reflexo da busca humana pela liberdade temporária face às estruturas sociais.
A conexão do Carnaval com tradições judaicas não é consenso entre os estudiosos, mas certas analogias têm sido sugeridas. Alguns afirmam que a festividade pode ter influências de celebrações judaicas, como o Purim, marcado por máscaras, fantasias e comemorações efusivas. A inserção do Carnaval no calendário é regida por variáveis complexas. A festa não possui uma data fixa, sendo determinada pela contagem regressiva em relação à Páscoa, que, por sua vez, está atrelada ao equinócio da primavera no hemisfério norte. A terça-feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa e representa o ápice dos festejos, antecedendo o período de recolhimento da Quaresma.
A dinâmica temporal do Carnaval, determinada pela contagem regressiva em relação à Páscoa, ressoa com ideias filosóficas sobre a natureza cíclica do tempo. O filósofo francês Gaston Bachelard, ao explorar as complexidades do tempo, poderia vislumbrar no Carnaval uma manifestação da nostalgia coletiva e da busca pela transcendência temporal. Sua celebração efervescente é um palco para a expressão da liberdade individual, um reflexo da tensão entre tradição e inovação, e um mergulho na essência efêmera do tempo.
Hoje, o Carnaval continua a ser um fenômeno global, com interpretações únicas em diferentes culturas. No Brasil, a festa assume proporções monumentais, ecoando a filosofia existencialista de Jean-Paul Sartre, que viu na liberdade a responsabilidade de criar significado em um mundo absurdo. Conhecer a origem do Carnaval é mergulhar em um passado repleto de rituais, símbolos e significados. Sua inserção no calendário, marcada pela dinâmica da Páscoa, revela uma complexidade temporal que amplifica a riqueza dessa celebração secular. O Carnaval, assim, perpetua-se como um fenômeno cultural inesgotável, um elo entre o presente e o passado, celebrando a diversidade e a efemeridade da vida. Bom Carnaval!