XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Atividade Econômica

Estéfano Barioni
19/10/2022 às 10:05.
Atualizado em 19/10/2022 às 10:05
Banco Central (Marcello Casal JrAgência Brasil)

Banco Central (Marcello Casal JrAgência Brasil)

Foi divulgado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O IBC-Br registra informações sobre o desempenho e o nível de atividade dos três setores da economia brasileira: agropecuária, indústria e serviços. E o resultado, referente ao mês de agosto deste ano, foi negativo com uma retração de -1,13% em relação ao mês anterior.

IBC-Br

O IBC-Br funciona como o PIB, registrando todas as operações realizadas em território nacional em cada um dos setores da economia e calculando os valores agregados da produção. A diferença básica é que o PIB é calculado em bases trimestrais e consolidado ao fim do ano, ao passo que o IBC-Br é calculado e divulgado mês a mês. Por isso, o IBC-Br é entendido como um sinalizador que antecipa os movimentos do PIB.

FRASE

"Onde não há visão, não há esperança."

George W. Carver, cientista norte-americano

Mês a Mês
A variação negativa do IBC-Br de agosto considera o dado dessazonalizado, o que significa que já corrige as variações naturais do ritmo da economia dependendo da época do ano. Por exemplo, as vendas do comércio caem naturalmente do mês de dezembro para janeiro por conta da passagem das festas de fim de ano. Essa queda não significa desaquecimento da economia. O dado dessazonalizado corrige a informação e permite a comparação direta de um mês com o anterior. 

Flutuação
A queda no IBC-Br ocorre depois de dois meses de alta. Em julho, o índice registrou uma expansão de 1,67% na comparação com o resultado de junho. Mesmo com dados dessazonalizados, a flutuação mês a mês tende a ser alta pois existe menos tempo para absorver fatores individuais que afetam a produção. Por exemplo, uma condição adversa pontual no fornecimento de um insumo pode ter um impacto grande na produção mensal, mas não tão grande ao longo do ano.

Flutuação 2
Esse é um dos motivos pelos quais o PIB não é calculado mensalmente. A variação mês a mês pode ser alta e pouco significativa para o resultado ao longo do ano. Nos últimos três meses, o IBC-Br está registrando uma expansão acumulada de 1,2%. Na comparação com agosto do ano passado, o índice acumula uma alta de 4,86%. Na ponderação para 12 meses, o IBC-Br mostra uma expansão de 2,08% ao ano, um pouco abaixo da previsão de crescimento do PIB, de 2,71% em 2022. 

Alerta
Mesmo assim, a variação negativa do IBC-Br em agosto acende um sinal de alerta. Uma das razões é que o resultado foi pior do que o esperado. O mercado já previa uma retração do índice em agosto, mas o desaquecimento da economia foi mais profundo do que se esperava. Essa foi a maior retração do IBC-Br desde março do ano passado, quando o índice teve desaceleração de -3,60%. 

Ganhos e Perdas
O setor de serviços continuou em expansão, com alta de 0,7% no mês de agosto em relação ao mês anterior. Mas a alta da atividade do setor de serviços não foi suficiente para compensar a retração observada nas vendas no varejo (-0,1%) e na produção industrial (-0,6%), que foram determinantes para o resultado negativo do IBC-Br. O setor industrial começa a sentir os efeitos da política monetária contracionista. 

Juros
Os juros altos tornam menor a oferta de crédito, pois tomar empréstimos fica mais caro, fazendo com que a demanda por bens de consumo caia. Com financiamentos mais caros, o custo de capital das empresas também sobe, fazendo com que menos projetos sejam realizados. Em um ambiente assim, são necessários maiores retornos para justificar o investimento nos projetos e, como a demanda está restringida, a chance de obter esses retornos extras diminui. 

Copom
O resultado do IBC-Br pode ser importante na decisão do COPOM que ocorre na próxima semana. Por um lado, o Real começa a perder valor frente a outras moedas por conta da alta dos juros no exterior, podendo motivar uma correção para cima da Selic. Do outro lado, o setor produtivo brasileiro começa a sentir o impacto da alta dos juros internos, sendo um forte argumento para não elevar novamente os juros. Não há chance de que os juros sejam reduzidos.

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