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As lições do passado sobre saneamento

Do Correio Popular
04/07/2022 às 20:01.
Atualizado em 05/07/2022 às 08:24
Inaugurado nesta segunda-feira, o reservatório Carlos Lourenço, com capacidade para armazenar 1,5 milhão de litros (Gustavo Tilio)

Inaugurado nesta segunda-feira, o reservatório Carlos Lourenço, com capacidade para armazenar 1,5 milhão de litros (Gustavo Tilio)

Próximo de comemorar os 248 anos de Campinas, o prefeito Dário Saadi e presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães Júnior, inauguraram nesta segunda-feira o reservatório Carlos Lourenço, com capacidade para armazenar 1,5 milhão de litros. Ao inaugurar a benfeitoria, o alcaide destacou a simbologia da entrega, lembrando que o município é referência no abastecimento, tratamento e qualidade da água, graças ao trabalho desenvolvido pela Sanasa, uma empresa pública dotada de um corpo técnico extremamente qualificado. O prefeito reforçou que, ao contrário de muitos municípios que terão o seu desenvolvimento interrompido ou prejudicado pela falta de água nas próximas décadas, Campinas estará livre dessa ameaça.

O conhecimento técnico em saneamento, acumulado ao longo de décadas, traz na sua memória histórica as terríveis marcas da mortífera epidemia de febre-amarela, no final do século XIX, que dizimou a cidade demograficamente, abalando a sua economia e colocando de joelhos o orgulho da "Princesa d'Oeste". Ao final da década de 1880, enriquecida pela cafeicultura, servida por ferrovias e um comércio diversificado, com teatro, cafés, mercados, hospitais, indústrias, bancos, iluminação pública, telefone, entre outras melhorias urbanas, Campinas recebia cada vez mais libertos e imigrantes europeus, que se comprimiam em cortiços e casas de cômodos, sem qualquer infraestrutura sanitária, em um esgoto a céu aberto, condição que igualava ricos e pobres, dado que a imundice era uma realidade comum a todas as classes econômicas e sociais.

Diante da tragédia, Campinas passou por uma série de intervenções e mudanças visando o seu saneamento. Em 1892, o engenheiro Francisco Sales de Oliveira Jr. apresentou um plano de calçamento de ruas, aterramento de poços, fossas e drenagem de brejos e várzeas dos córregos. Em julho de 1896, foi instalada em Campinas a Comissão Sanitária do Estado de São Paulo, dirigida pelo médico Emílio Ribas, que seria responsável pelo policiamento sanitário e desinfecções.

Assim, Campinas aprendeu, a um custo elevadíssimo, a importância do saneamento básico no controle e prevenção de doenças e promoção do bem-estar da população, lições que deixaram no espírito de seus cidadãos, não somente as marcas de uma catástrofe, mas, sobretudo, uma herança positiva ao longo de várias gerações, que, certamente, contribuiu para que a cidade alcançasse, por meio da Sanasa, um nível de excelência ambiental comparado a países de Primeiro Mundo.
 

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