JULIANNE CERASOLI

O mérito do tetra

Julianne Cerasoli
igpaulista@rac.com.br
12/10/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 00:32
ig - JULIANNE CERASOLI (CEDOC)

ig - JULIANNE CERASOLI (CEDOC)

Não deve ser fácil para Sebastian Vettel estar prestes a vencer o 4º título consecutivo, correndo contra uma geração considerada por todos como especialmente talentosa, e ainda enfrentar tanta resistência daqueles que duvidam do quanto seu talento colabora ou se é a supremacia de seu carro que o colocou nesta posição.De um lado, existe a frustração por ver uma geração que prometia tanto vivendo uma era de domínio, mas o que mais seria a Fórmula 1 se não um esporte em que o melhor conjunto sempre ganha? E conjunto não é só máquina e nem só homem, é a interação entre esses dois, o trabalho constante de refinamento e de decisões acertadas e bem executadas.Ser campeão de Fórmula 1 é tão complexo que qualquer conjunto que chegue a quatro títulos não pode ser menosprezado.Há uma série de lendas a respeito dos grandes ídolos da história da Fórmula 1. Fangio foi campeão por várias equipes, fato, mas sempre correu em carros bons. Na década seguinte, foi Jim Clark que impressionou com uma carreira meteórica, equipado pelos carros do grande gênio da época, Colin Chapman. Anos depois, Ayrton Senna passaria a ser reverenciado, mesmo sendo bicampeão a bordo de carros que, costumeiramente, chegaram um minuto à frente do segundo colocado. Nada disso tirou o mérito de nenhum destes grandes, que souberam explorar ao máximo as excelentes máquinas que possuíam.Liderar uma equipe que trabalha melhor que as outras é coisa para os grandes. E quando a competência de um grupo encontra excelentes recursos e um piloto capaz de usar essa vantagem ao máximo — e, tanto importante quanto, fazer o que dá quando os obstáculos aparecem — o resultado só pode ser um período de domínio como temos visto com Vettel e a Red Bull.Por outro lado, há quem garanta que, para ser grande, é preciso mais do que isso. Há quem veja o ano de 1993 de Senna, quando o brasileiro chegou bem atrás de Alain Prost, como sua grande temporada. Com um equipamento nitidamente inferior — e, consequentemente, mais difícil de guiar e mais propenso a provocar erros — o brasileiro aproveitou todas as oportunidades.Talvez seja desse tipo de campeonato que Vettel precise para convencer os mais resistentes. Porém, enquanto as vacas magras não chegam, o alemão de 26 anos vai colocando seu nome na história por meio de números cada vez mais impressionantes. E, principalmente pelo que mostrou na atuação impecável desta temporada, é de se esperar que seu dia de “herói dando trabalho com carro inferior” seja só questão de tempo.

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