Governo de Obama alega que a lei em vigor 'viola a garantia fundamental da igualdade' presente na Constituição (France Press)
Diversos departamentos do governo norte-americano se preparavam para implantar os cortes de gastos que serão ativados automaticamente a partir de sexta-feira, enquanto democratas e republicanos apresentavam nesta quinta-feira (28) planos alternativos no Senado.
Cada partido votará no Senado sua proposta, ambas com o objetivo de anular ou modificar os cortes automáticos de 85 bilhões de dólares até 30 de setembro, que representarão uma redução de 8% dos gastos anuais em defesa e de 5% no restante do orçamento.
Durante várias semanas, diferentes setores do governo federal multiplicaram seus alertas sobre as consequências dos cortes, que afetam as funções de regulação assim como outras áreas do orçamento como o transporte, educação e as inspeções sanitárias.
"Não se pode cortar os gastos de uma forma tão drástica em sete meses sem afetar de forma considerável a segurança nacional e as prioridades econômicas", disse nesta quinta-feira o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
O presidente Barack Obama convocou os líderes do Congresso a uma reunião na Casa Branca na sexta-feira, mas não tinha nenhuma atividade pautada em sua agenda oficial para esta quinta-feira.
Ao invés do "abismo" fiscal que se aproximava no final de 2012, os cortes terão um efeito de "bola de neve", segundo afirmou o presidente na quarta-feira.
As consequências não serão sentidas "na primeira semana, nas duas, nas três primeiras semanas se sua empresa não estiver diretamente relacionada com o Departamento de Defesa", explicou.
No fim, contudo, "será um duro golpe para a economia. Tanto o setor privado como o público estimam que poderíamos perder 0,6 ponto de crescimento econômico", afirmou.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), por sua vez, anunciou nesta quinta-feira que revisará para baixo a previsão de crescimento para os Estados Unidos em 2013, de 2% a 1,5%.
Contudo, os republicanos pareciam tranquilos na véspera da data limite, convencidos de que as consequências não serão tão negativas e que a opinião pública ficará a seu lado.
Nesse sentido, John Boehner, presidente da Câmara dos Deputados, reiterou a postura de seu partido contrária a um novo aumento de impostos, como querem os democratas.
"O presidente já teve sua alta de impostos", lembrou, em relação ao acordo de 1º de janeiro que impôs mais tributos aos mais ricos.
"Quanto dinheiro a mais querem roubar dos norte-americanos para financiar o Estado?", afirmou.
Grande parte do orçamento (aposentadorias, saúde) não será afetada, o que explica a redução de 8% dos gastos em defesa e de 5% no restante do orçamento.
Alguns democratas também lembraram que não haverá cortes nos programas sociais para os setores mais vulneráveis, o que é compensado com fortes quedas do gasto no Pentágono.
Os democratas, maioria no Senado, esperaram a véspera do dia 1º de março para realizar uma votação, o que para seus adversários demonstra uma estratégia para aumentar a tensão e obter um resultado.
Seu objetivo seria forçar os republicanos para que eles concordem com uma nova alta de impostos para os mais ricos, para reduzir o déficit sem cortar o nível dos gastos.
Segundo uma pesquisa do Gallup publicada nesta quinta-feira, 56% dos norte-americanos estimam que os cortes orçamentários agravarão a situação econômica do país, mas 45% não acreditam que sua situação financeira pessoal será afetada pelas medidas, enquanto 44% acreditam que sim.