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Trump ameaça chamar o exército

Os protestos contra a morte de um cidadão negro pelas mãos da polícia se intensificaram na noite de segunda-feira nos EUA, com saques e confrontos

France Press
correiopontocom@rac.com.br
03/06/2020 às 08:02.
Atualizado em 29/03/2022 às 10:25

Os protestos contra a morte de um cidadão negro pelas mãos da polícia se intensificaram na noite de segunda-feira nos EUA, com saques e confrontos, apesar do toque de recolher. O presidente Donald Trump prometeu restaurar a ordem, ameaçando enviar o exército se necessário.  Trump aumentou a tensão ao ordenar a repressão a uma manifestação em frente à Casa Branca na segunda-feira, desencadeando críticas da oposição democrata, que o acusou de "jogar lenha na fogueira".  Os protestos pacíficos sobre a morte de George Floyd, há mais de uma semana, na cidade de Minneapolis, quando ele foi detido por um policial, levaram a incidentes violentos em muitas cidades, incluindo a capital, Washington.  Após um discurso solene na segunda-feira, em que ele ameaçou enviar o exército, Trump reiterou sua mensagem nesta terça-feira, afirmou que na capital "não havia problemas" na noite anterior e elogiou o papel da polícia.  Na segunda-feira, logo após a polícia dispersar os manifestantes concentrados do lado de fora da Igreja de Saint John, um edifício histórico perto da Casa Branca danificado no domingo às margens dos protestos, Trump caminhou até o local e foi fotografado com um Bíblia na mão.  A prefeita de Washington, Muriel Bowser, criticou o destacamento militar "nas ruas contra os americanos", em sintonia com vários governadores democratas.  Apesar da repressão, muitos manifestantes desafiaram o toque de recolher e continuaram a se mobilizar na capital e em outras cidades.  Cerca de 300 pessoas foram detidas em Washington, a maioria por desrespeitar o toque de recolher. Também houve prisões por assaltos e saques, informou o chefe de polícia local Peter Newsham.  Várias lojas de departamento na Quinta Avenida de Nova York foram saqueadas na noite de segunda-feira, e a polícia informou sobre centenas de detidos. A cidade teve seu toque de recolher mantido até o próximo domingo, devido à onda de depredação e saques. Em outras cidades, da Filadélfia a Los Angeles, os tumultos continuaram pela sétima noite consecutiva, afetando mais de 140 locais, com centenas de prisões e vários policiais e manifestantes feridos.  Trump destacou a situação em Minneapolis, onde, apesar dos violentos distúrbios da semana passada, os protestos nas últimas 48 horas foram pacíficos.  Em Saint Louis, Missouri, quatro policiais foram baleados e feridos, disse o chefe da corporação. Racismo estrutural A pandemia de coronavírus evidenciou muitas das desigualdades sofridas pela comunidade negra nos Estados Unidos, desde uma maior probabilidade de morrer com o coronavírus até taxas de desemprego duas vezes maiores do que as dos brancos.  A resposta de Trump aos maiores distúrbios em décadas foi criticada por Joe Biden, que provavelmente será o candidato dos democratas nas eleições de novembro. Em discurso nesta terça-feira, Biden disse que os protestos são um "alerta" e prometeu que, se eleito, combaterá o "racismo estrutural".  Biden também indicou que a maneira como Trump ordenou a dispersão de manifestantes pacíficos perto da Casa Branca o faz pensar que "o presidente está mais preocupado com o poder do que com os princípios".   O presidente do Comitê Nacional do Partido Democrata, Tom Perez, acusou Trump na segunda-feira de "jogar lenha na fogueira".  Os protestos contra a indignação após a morte de George Floyd adquiriram uma proporção não vista desde os anos 1960, durante a luta pelos direitos civis.  As imagens divulgadas do momento em que Floyd se deita no chão imobilizado pela polícia e grita "Não consigo respirar" levaram milhares de pessoas às ruas a repetir a mesma frase.  Na segunda-feira, foram divulgados os resultados de duas autópsias da vítima, uma oficial e outra encomendado pela família. Ambas confirmaram que foi um homicídio e que a causa da morte foi asfixia. Crise evidencia discriminações endêmicas A pandemia e as manifestações nos Estados Unidos após a morte de um homem negro asfixiado por um policial branco destacam "as discriminações raciais endêmicas" , declarou ontem a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. "Este vírus mostra as desigualdades endêmicas que foram ignoradas por muito tempo", afirmou Bachelet em um comunicado.  "Nos Estados Unidos, as manifestações (...) destacam não apenas a violência policial contra os cidadãos de cor, mas também as desigualdades no âmbito da saúde, educação e emprego e também a discriminação racial endêmica", acrescentou. "As estatísticas mostram um impacto devastador da Covid-19 nas populações de origem africana, assim como nas minorias étnicas de certos países como Brasil, França, Reino Unido e EUA, onde o contágio é duas vezes maior na população negra”, afirmou Bachelet.

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