Quadrilhas rivais de traficantes de seres humanos se enfrentam na Líbia e às vezes interceptam migrantes no mar para extorqui-los, afirmou nesta quinta-feira em Roma o comandante da operação europeia antiatravessadores "Sophia". "Existe uma certa rivalidade" entre diferentes redes de traficantes que operam na Líbia, declarou o almirante italiano Enrico Credendino durante um depoimento em uma Comissão Parlamentar. "Ocorreram ataques de quadrilhas rivais contra migrantes, que foram obrigados a retornar à terra firme", onde foram obrigados a dar mais dinheiro, declarou. Esta rivalidade obriga os traficantes a "mudar sua tática" e a escoltar os "seus" migrantes até alto mar. "É aí que atuamos", afirmou o comandante da operação europeia. A operação Sophia (ex-UE NavFor Med), nome de uma menina nascida após o resgate de uma embarcação à deriva, tem desde quarta-feira a possibilidade de intervir, inclusive recorrendo à força, para deter os traficantes e confiscar seus barcos. Há meses, 22 casos de barcos-escolta de traficantes puderam ser identificados, indicou o almirante italiano, que coordena desde maio esta operação europeia no Mediterrâneo. Desde o começo do ano, ao menos 3 mil pessoas morreram ou desapareceram ao tentar atravessar o mar Mediterrâneo para chegar à Europa, segundo fontes da ONU. Mais de 562 mil conseguiram chegar ao destino.