TRAMA FRUSTRADA

Plano de golpe incluía os assassinatos de Lula, Alckmin e Moraes, diz PF

Operação Contragolpe prendeu ontem quatro militares e um policial federal acusados de participar do complô, que teria sido gestado no Palácio do Planalto

Agência Brasil; Estadão Conteúdo
20/11/2024 às 10:09.
Atualizado em 20/11/2024 às 11:42

De acordo com a apuração feita pela Polícia Federal, a intenção dos golpistas era matar Lula e Alckmin no dia 15 de dezembro de 2022 para impedir a posse da chapa vencedora da eleição presidencial (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) deflagrou ontem operação para desarticular organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o pleito de 2022. O plano incluía o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin e provavelmente de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Foram presos Hélio Ferreira Lima, militar com formação em Forças Especiais, os 'kids pretos'; Mário Fernandes, general reformado que foi secretário executivo da Presidência da República no governo Bolsonaro e hoje é assessor do ex-ministro e deputado federal Eduardo Pazuello; Rafael Martins de Oliveira, militar com formação em Forças Especiais, os 'kids pretos'; Rodrigo Bezerra de Azevedo, militar com formação em Forças Especiais, os 'kids pretos'; e Wladimir Matos Soares, policial federal.

"Foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado "Punhal Verde e Amarelo", que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos", aponta a PF. Os criminosos também planejavam restringir o livre exercício do Poder Judiciário. "Ainda estavam nos planos a prisão e a execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que vinha sendo monitorado continuamente, caso o golpe de Estado fosse consumado", destacou a PF.

Em operação deflagrada em fevereiro, a PF já investigava um grupo que atuou na tentativa de golpe de Estado e que monitorava o ministro Alexandre de Moraes.

"O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um 'gabinete institucional de gestão de crise', a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações."

MANDADOS

A Operação Contragolpe cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, e cumpria ainda outros três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas, que incluem a proibição de manter contato com demais investigados; a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 (vinte e quatro) horas; e a suspensão do exercício de funções públicas.

O Exército Brasileiro acompanhou o cumprimento dos mandados, que estão sendo efetivados nos estados do Rio de Janeiro, de Goiás e do Amazonas, além do Distrito Federal.

"As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em forças especiais", destacou a PF em nota.

Os fatos investigados, segundo a corporação, configuram crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

PIMENTA

O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou que a Operação Contragolpe da Polícia Federal traz elementos "extremamente graves" sobre a participação de pessoas do núcleo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe contra o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Na avaliação do ministro, o episódio do 8 de janeiro de 2023 não tratava de pessoas que estavam protestando de forma democrática.

"Nós consideramos que essa investigação da Polícia Federal traz elementos novos sobre a questão do golpe, da tentativa de golpe que aconteceu no país", disse ontem Pimenta a jornalistas durante reuniões da cúpula de líderes das 20 maiores economias do globo (G20), que foi encerrada ontem no Rio de Janeiro.

Para o ministro, a operação mostra que há "elementos bastante concretos" de que havia um plano para atingir diretamente Lula, o agora vice-presidente Geraldo Alckmin e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

"Isso acaba colocando por terra qualquer discurso de que as pessoas estavam lá no dia 8 de janeiro, de forma democrática, protestando", comentou Pimenta. "Nós estamos falando de uma ação concreta, objetiva, que traz elementos novos, extremamente graves, sobre a participação de pessoas do núcleo de poder do governo Bolsonaro no golpe que tentaram executar no Brasil, impedindo a posse do presidente e vice-presidente eleito", acrescentou.

Pimenta cobrou seriedade na investigação. "Essa investigação precisa ser levada às últimas consequências para que realmente todos aqueles que atentam contra a democracia sejam identificados e paguem por esse crime, porque a sociedade precisa definitivamente compreender que o crime contra a democracia é algo que não pode ser tolerado", exigiu. "Por isso que a gente não pode falar em anistia e não pode falar em impunidade".

Ele citou episódios violentos e alegou uma ligação entre eles, tais como o suposto plano, o acampamento em quartéis antes da posse presidencial de Lula, os ataques de 8 de janeiro de 2023 e atos radicais que aconteceram em Brasília em 12 de dezembro de 2022.

"Esses fatos são fatos que se relacionam entre si. Os personagens são os mesmos. Os mesmos personagens que financiaram a presença dos acampados na frente dos quartéis estão envolvidos também nesses episódios", disse o ministro. "Há uma relação entre os financiadores, os que programaram, os que planejaram as ações criminosas e eles precisam responder por isso e essa operação da Polícia Federal hoje é muito importante", pontuou.

  

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