VENEZUELA

Funeral de Chávez tem líderes da América Latina e do Caribe

Maduro será empossado como presidente interino com o objetivo de prosseguir com o chavismo

France Press
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08/03/2013 às 13:13.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:33
A presidente Cristina Kirchner, da Argentina, ao lado do sucessor de Chavez, Nicolas Maduro, durante o funeral (France Press)

A presidente Cristina Kirchner, da Argentina, ao lado do sucessor de Chavez, Nicolas Maduro, durante o funeral (France Press)

O funeral de Estado do presidente Hugo Chávez ocorre nesta sexta-feira (8) na capital venezuelana na presença dos líderes da América Latina e do Caribe, depois do qual Nicolás Maduro será empossado como presidente interino com o objetivo de prosseguir com a revolução chavista após as eleições que devem ser convocadas em menos de 30 dias.

O corpo de Chávez não será sepultado, e sim exibido por mais sete dias, diante da enorme afluência de venezuelanos à capela ardente na Academia Militar, e será embalsamado para repousar em um museu de Caracas, instalado no que foi seu quartel-geral no frustrado golpe de Estado de 1992.

O chanceler venezuelano, Elias Jaua, começou a receber os primeiros dos mais de 30 chefes de Estado e de governo que comparecerão ao funeral.

A mãe do presidente, Elena Frias, vestida de luto e em prantos, saiu por alguns minutos para saudar a multidão, que se aglomera com bandeiras e cartazes de Chávez atrás das barreiras de segurança.

Todos os presidentes latino-americanos, com exceção do paraguaio Federico Franco, excluído dos organismos regionais, estarão presentes no funeral, assim como o controverso presidente do Irã e inimigo jurado das potências ocidentais, Mahmud Ahmadinejad.

"Quero dar minhas profundas condolências ao povo venezuelano e a todos os povos do mundo, sobretudo os latino-americanos", afirmou Ahmadinejad em sua chegada a Caracas.

"O presidente Chávez foi símbolo de todos os que buscam justiça, o amor e a paz no mundo", disse o presidente iraniano, que compartilhou com Chávez sua inimizade com Washington e que recebeu apoio do venezuelano para seu programa nuclear.

Os Estados Unidos participarão com uma delegação de baixo escalão. Os dois países retiraram seus embaixadores em uma das muitas controvérsias que marcaram os quatorze anos (1999-2013) de governo de Chávez.

Após o funeral, às 19h00 (20h30 de Brasília), Maduro assumirá a presidência interina e fará "o chamado às eleições quando for a hora, de acordo com a Constituição nos 30 dias seguintes", explicou o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.

Entretanto, os partidários de Chávez seguem alimentando as longas filas para vê-lo de perto pela última vez. O acesso, no entanto, foi interrompido durante a manhã para permitir a chegada dos chefes de Estado.

"Chávez não morreu, se multiplicou!", gritam os seguidores, parados sob um sol forte, enquanto telas de televisão passam diferentes episódios da vida do ex-presidente, comprovou a AFP.

Mais de dois milhões de pessoas, segundo o executivo, se deslocaram de todo o país para dar seu adeus ao líder.

Não foram divulgadas imagens do rosto do ex-presidente, mas um jornalista da AFP que pôde se aproximar do caixão afirmou que, "vestido impecavelmente com um terno verde oliva e gravata preta, coroado com sua emblemática boina vermelha, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mostra um rosto sereno, apesar do rigor da morte".

"Não importa quantas horas esperamos, mas vamos ficar aqui até que o vejamos", afirmou Luis Herrera, utilizando a boina vermelha popularizada pelo líder venezuelano, falecido na terça-feira aos 58 anos, depois de batalhar por quase dois anos contra um câncer.

Os olhos de Herrera se encheram de lágrimas ao pensar no que faria quando o visse: "rezarei um pai-nosso para que Deus o receba com os braços abertos", explicou.

A emotiva maré humana mobilizada diante da Academia Militar contrasta com a indiferença vivida no bairro opositor de Chacao, no leste da capital, semi-vazio depois que o governo decretou esta sexta-feira como um dia de folga.

Os opositores do presidente lamentam a divisão da sociedade venezuelana que Chávez alimentou com seu discurso agressivo e polarizador.

"Aqui se aprendeu a odiar, insultar e humilhar entre nós mesmos, chegou inclusive a separar famílias, a provocar disputas entre familiares por não compartilhar seus ideais", disse à AFP Rafael.

Também criticam os planos de embalsamá-lo "como Ho Chi Minh, Lênin e Mao", segundo Maduro.

Um embalsamador filipino, famoso por ter embalsamado o ditador Ferdinand Marcos, ofereceu seus serviços à Venezuela e explicou que os especialistas devem agir com rapidez para preservá-lo da decomposição.

"O que conta é que não demorem (a escolher o embalsamador). Quanto mais esperarem, mais difícil será", advertiu.

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