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Facebook reformula política sobre conteúdo 'de ódio'

"Assuma seu machismo, ponha seu nome", disse a chefe operacional do Facebook, Sheryl Sandberg

France Press
correiopontocom@rac.com.br
29/05/2013 às 19:45.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:09

Em uma revisão de sua política de conteúdo "de ódio e ofensivo", o site de relacionamentos Facebook anunciou esta quarta-feira (29) o fim do anonimato nas páginas que publicam comentários misóginos ou piadas machistas, depois de reclamações dos usuários.

"Assuma seu machismo, ponha seu nome", disse a chefe operacional do Facebook, Sheryl Sandberg, durante uma conferência do site AllThingsD, na Califórnia.

Sandberg destacou que "o Facebook permite ter páginas anônimas, o que é muito importante, as pessoas começam assim as revoluções", mas acrescentou que "no que diz respeito a este tipo de humor cru contra as mulheres ou qualquer outro grupo, não vamos permitir que estas páginas continuem sendo anônimas".

Na terça-feira, o Facebook tinha anunciado a atualização de suas políticas e diretrizes no relacionado com conteúdo "nocivo e de incitação ao ódio", após receber queixas durante uma campanha que assegura que a rede social permite brincadeiras e comentários abusivos sobre estupros e abusos contra mulheres.

A vice-presidente de política pública do Facebook, Marne Levine, afirmou na ocasião que a rede social "completaria (sua) revisão e atualizaria suas diretrizes" em relação aos chamados discursos de incitação ao ódio e anunciou que consultaria especialistas legais, grupos de mulheres e outras entidades "que enfrentaram historicamente a discriminação".

"Nos últimos dias ficou claro que nosso sistema falhou em detectar e eliminar o discurso de incitação ao ódio e que não funcionou de forma tão efetiva quanto gostaríamos, particularmente em relação ao ódio baseado no gênero", afirmou o comunicado publicado por Levine na terça-feira.

Entre a liberdade de expressão e a incitação à violência

O Facebook anunciou as mudanças uma semana após o início de uma campanha organizada pela ONG Women, Action and The Media, que acusa a rede social de "ter permitido durante muito tempo conteúdos que apoiam a violência contra as mulheres".

"Afirmam que estas páginas entram na categoria 'humorística' de suas políticas ou diretrizes ou que são mostras de 'liberdade de expressão'", afirmou o grupo em sua campanha

Depois do anúncio do Facebook na terça-feira, a organização interrompeu sua campanha.

"Estamos alcançando um ponto de inflexão internacional em atitudes de estupro e violência contra as mulheres", afirmou Jaclyn Friedman, diretora-executiva do grupo.

"Esperamos que este esforço seja considerado um testemunho do poder das ações coletivas", completou.

A maioria dos comentários, senão todos, que suscitaram o protesto dos grupos de mulheres foram eliminados, afirmou Sandberg.

"Tem um montão de coisas que ainda estão (lá) porque não são de ódio e não incitam a violência, são apenas de mau gosto e inapropriadas, coisas horríveis que não apoiamos", disse Sandberg.

"Estamos revisando tudo e dizendo, 'se você quer deixar isto publicado, ponha seu nome abaixo'", continuou.

Sandberg afirmou que, seguindo este procedimento, um "percentual enorme" daqueles que escreveram os comentários decidiram retirá-los ao invés de se identificar ou atribuí-los a si próprios.

"Este é um passo muito importante", disse Sandberg, autora de um livro publicado recentemente, "Lean In", sobre as dificuldades das mulheres para avançar na carreira.

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