Especialistas da OMS chegam à Wuhan, o marco zero da epidema mundial: tema delicado para os chineses (Nicolas Asfouri/AFP)
Uma missão da Organização Mundial de Saúde (OMS) chegou à China ontem para investigar as origens da pandemia, enquanto seu comitê de emergência se reuniu em Genebra para analisar as novas variantes do coronavírus, que preocupam as autoridades de todo o mundo.
Como em quase todo o planeta, o ressurgimento do vírus atinge também a China, que anunciou nesta quinta-feira a primeira morte por Covid-19 desde maio passado, apesar de parecer ter erradicado a pandemia.
A morte ocorreu na província de Hebei, na fronteira com Pequim, onde as autoridades confinaram vários milhões de pessoas de diferentes cidades nestes dias, após o surgimento de novos focos. As autoridades de saúde chinesas anunciaram 138 novos casos em 24 horas, o maior balanço diário desde março passado.
A má notícia coincide com a chegada, ontem, a Wuhan, cidade do centro da China onde o vírus foi detectado pela primeira vez em dezembro de 2019, de uma equipe de especialistas da OMS para investigar a origem da epidemia.
Os membros desta missão devem respeitar duas semanas de quarentena.. A visita é muito delicada para as autoridades chinesas, que querem se desvincular de qualquer responsabilidade nesta pandemia, que já custou quase dois milhões de vidas em todo o mundo.
Paralelamente, o comitê de emergência da OMS se reuniu com urgência nesta quinta-feira para analisar as mutações do vírus causador da Covid-19, inicialmente detectado no Reino Unido e na África do Sul, que são especialmente contagiosas e se espalham rapidamente.
“Duas questões urgentes” centraram a reunião, segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus: “A primeira é o aparecimento recente de variantes do vírus SARS-CoV-2, e a segunda é o uso potencial de certificados de vacinação e de testes para viagens internacionais ".
As recomendações para a OMS e países membros estão programadas para serem divulgadas no final da reunião, provavelmente hoje. A variante detectada inicialmente no Reino Unido já foi localizada em 50 países, e a África do Sul, em 20, segundo a OMS. A instituição afirma que esse balanço provavelmente está subestimado. Outra mutação, originária da Amazônia brasileira, cuja descoberta foi anunciada pelo Japão no último domingo, está sendo analisada e pode ter impacto na resposta imunológica, afirma a OMS, que fala em uma "variante preocupante".
Nova onda mundial
Diante do pior surto de casos e do pior balanço da Europa, com 85 mil mortes, o Reino Unido voltou a confinar sua população, em meio à propagação da variante do vírus muito mais contagiosa. Nas últimas 24 horas, o país registrou 1.564 óbitos, o pior resultado desde o início da pandemia.
Na Espanha, que registrou nesta quarta-feira 39 mil novos casos, a situação é de "risco extremo", segundo a ministra da Política Territorial, Carolina Darias. Portugal decretou um novo confinamento geral a partir de hoje, após registrar, ontem, 10.500 novos casos em um único dia.
Na Itália, mergulhada em uma nova crise política, o governo anunciou a intenção de prorrogar o estado de emergência até 30 de abril. Já na França, as autoridades anunciariam novas medidas nesta quinta-feira para enfrentar o aumento das infecções (mais de 23.000 casos registrados quarta-feira) e a propagação da nova variante britânica.