A China "não quer uma guerra comercial", mas não vai ficar indiferente às ameaças dos Estados Unidos contra suas exportações, advertiu Pequim (AFP)
A China "não quer uma guerra comercial", mas não vai ficar indiferente às ameaças dos Estados Unidos contra suas exportações, advertiu Pequim neste domingo (4), após Donald Trump anunciar esta semana medidas protecionistas. O presidente americano causou indignação no exterior ao anunciar pesadas tarifas sobre as importações americanas de aço e alumínio, e, em seguida, ameaçar impor "taxas de reciprocidade" aos parceiros comerciais que decidirem responder com medidas semelhantes. Neste domingo, Pequim ameaçou abertamente responder com medidas de represália. "A China não quer uma guerra comercial com os Estados Unidos", disse Zhang Ysui, porta-voz do Congresso Nacional do Povo (CNP), o órgão legislativo do gigante asiático. "Mas se eles adotarem medidas que prejudiquem os interesses chineses, não ficaremos de braços cruzados", afirmou à imprensa antes da sessão plenária anual do Parlamento. A China é, de longe, a maior fabricante mundial de aço e alumínio, mas exporta apenas uma pequena parte de sua produção para os Estados Unidos. Assim, seria marginalmente afetada pelas novas taxas. "É crucial para todos perceber de forma clara e objetiva as intenções estratégicas da outra parte. As decisões baseadas em erros de julgamento ou suposições erradas [...] podem ter consequências que nenhum país quer", insistiu o porta-voz. Pequim advertiu em várias ocasiões nos últimos meses que adotaria as "medidas necessárias" para defender suas empresas contra os abusos das "decisões protecionistas" de Washington. As autoridades chinesas abriram uma investigação anti-dumping contra o sorgo americano, um tipo de cereal, e não excluem visar as exportações maciças de soja dos Estados Unidos. Liu He, conselheiro do presidente chinês Xi Jinping, visitou Washington esta semana para tentar colocar as relações econômicas entre os dois poderes de volta aos trilhos. Mas os anúncios de Trump foram feitos durante esta visita, como uma rejeição ao regime comunista. No entanto, Liu e as autoridades americanas com as quais se reuniu "concordaram que ambos os países deveriam resolver suas disputas comerciais através da cooperação e não do confronto", segundo a agência de notícias estatal Xinhua. O diálogo deve continuar "em breve em Pequim", disse Zhang Yesui neste domingo. O alumínio e o aço são apenas uma pequena parte (cerca de 1% no ano passado) das exportações do gigante asiático para os Estados Unidos. Pressionado pelos ocidentais, Pequim tem trabalhado para reduzir drasticamente suas capacidades siderúrgicas. E, apesar do aumento da produção local, as exportações chinesas de aço caíram 30,5% no ano passado. Em contraste, os produtores de aço canadenses, brasileiros, mexicanos, sul-coreanos e turcos dependem fortemente do mercado americano. Nesse contexto, as primeiras reações chinesas ao anúncio de Trump pareceram muito mais moderadas do que as condenações da Europa ou do Canadá. Pequim apenas exortou os Estados Unidos a "frear o uso de instrumentos protecionistas".